sexta-feira, 14 de março de 2014

[Resenha] Depois de Auschwitz - O emocionante relato da irmã de Anne Frank que sobreviveu ao Holocausto

Título Original: After Auschwitz - A story of heartbreak and survival by the stepsister of Anne Frank

Título no Brasil: Depois de Auschwitz - O emocionante relato da irmã de Anne Frank que sobreviveu ao Holocausto

Autora : Eva Schloss
Editora Novo Século
Número de págs : 304




Em primeiro lugar vale ressaltar aos que me perguntaram que irmã era essa de Anne Frank se a única irmã dela morreu junto no Campo de Concentração, que na verdade a autora desse livro era enteada de Otto Frank, pai dela. Lendo o livro entendemos melhor mas contar toda as história seria um spoiler desnecessário e como sempre o intuito é que mais pessoas leiam o livro e descubram assim como eu essa história maravilhosa. 
E aí você me pergunta, como algo sobre esse tema pode ser maravilhoso? Após ter lido inúmeros livros sobre a Segunda Guerra e seus sobreviventes este me tocou de forma diferente, porque me identifiquei com a autora - e não, não sou judia antes que questionem - porque Eva Schloss é de uma sinceridade que choca. Filha mais velha de um casal e nascida na Aústria, ao estourar a Segunda Guerra ela se viu encurralada com sua família dentro de seu próprio país, de uma hora para outra ela não podia mais frequentar a escola, era xingada nas ruas e todos pareciam ter aversão a sua família pelo simples fato de serem judeus. A adolescência dela não foi fácil, e não porque tivesse coisas que as de hoje em dia costumam reclamar como quilos a mais e espinhas, Eva aos 15 anos soube o que era um Campo de Concentração pois foi mandada com sua família após fugirem para Holanda para Auschwitz, e tudo isso no dia de seu aniversário de 15 anos. Daí para frente a narradora nos envolve em um mundo que mesmo tendo lido inúmeras histórias parecidas sempre me pergunto o como isso pôde existir? Mas Eva é não só de uma força comovente como é verdadeira em seu relato, enquanto nos conta que teve a cabeça raspada, não comia quase nada e trabalhava muito, teve fezes jogadas em cima dela por uma oficial ... ela é sincera ao nos informar que não sente pena das mulheres alemãs que foram estupradas por russos, pois ela sofreu demais e perdeu metade de sua família e passou pelo pior, por mais que saiba que não seja o correto, admite que no fundo a criança que entrou naquele campo nazista não saiu a mesma, que tem rancor, que faz de tudo para defender sua raça, que admite que é muitas vezes preconceituosa.
A coragem dela em demonstrar não somente o que passou como prisioneira como antes quando foi abusada em relatos minuciosos nos leva para dentro da história, me senti por muitas vezes dentro dela e pensando que se fosse comigo não resistiria.


No sofrimento diário ao lado de sua mãe, nas saudades de seu pai e de seu irmão e na esperança mesmo que mínima de que poderia a ter sua família completa e lhe fizeram aguentar tudo e resistir até a um tifo pode emocionar os mais sensíveis.
Eva indaga se Anne teria mesmo a mesma impressão do ser humano em uma de suas mais famosas frases escritas no diário que virou best seller, porque Eva não acredita mais tanto assim na bondade do ser humano.
Da vida antes da Guerra, aos dias de terror em Auschwitz com sua mãe até ela se casar com o pai de Anne, tudo está nas mais de 300 páginas do livro.
Como ela própria diz, o preconceito ainda existe , ela mesma assume o sentir, e mesmo depois de tudo vivido, quem poderá garantir que o ser humano não cometa os mesmos erros? Ou parecidos? Se hoje nos parece algo surreal a escravidão e o holocausto, ela informa que não sabe afirmar se algo nessa dimensão voltará a acontecer.
Quando disse lá em cima que me identifiquei, explico agora que é com o rancor que ela guardou, com a raiva que descontou do que passou em cima de quem a amava, ao contrário de muitos relatos onde todos perdoam e escrevem lindas histórias de perdão no final , esse nos apresenta uma sobrevivente, mas que o nazismo e seus anos de sofrimento fizeram com quem visse a vida com olhos mais frios 

A história dela está gravada, e que sirva de lição para muitas gerações. Verdadeiro, do início ao fim . 

5 comentários:

  1. Nossa!!!Não sabia sobre essa irmã,mesmo que meio-irmã...
    Muito forte,emocionante e chega a dar revolta saber tudo que essas pessoas viveram,todo esse horror.
    Vou procurar por esse livro urgente.Bj e tenha um ótimo fim semana,

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    1. Eva

      O livro é maravilhoso! Vale muito a pena! Beijos e tenha um ótimo final de semana tb

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  2. Nossa Raffa, uma história bem forte.
    O livro parece ser bem intenso e gostei de saber o quão verdadeira é a meia irmã de Anne Frank. Infelizmente não tem como sair de um campo de concentração sem sentir revolta, ódio.
    Super curiosa com esse livro.
    Beijos

    As Leituras da Mila

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  3. Raffa, eu pensei em comprar esse livro, mas ainda não comprei... gosto de ler sobre o tema e ao que me parece esse livro deve ser muito forte de todos os pontos de vista.
    Fiquei ainda mais curiosa sobre esse livro. Sua analise dele está perfeita

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  4. Pra começo de conversa não pensem que vocês podem achar ou sentir a mesma coisa segundo, cada um da o melhor de si se vocês não são capazes de perdoar só vão propagar o mesmo preconceito, ódio e discriminação que tanto odeiam. Entendo sentir raiva, mas não me igualar ao que critíco. Não sou judeu muito menos concordo com Hitler. Sou ser humano erro, vejo erros, peço perdão e perdoo.

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