sábado, 17 de maio de 2014

[Resenha] 3096 Dias

Título Original : 3096 Tage
Título no Brasil : 3096 dias
Autora : Natascha Kampusch
Editora : Verus
Número de págs : 223
ISBN : 978-85-7686-107-2









Quando pegamos um livro com fatos verídicos existe o fator surpresa no que ainda não nos foi revelado mas também - caso já conheçamos a história - o compramos já sabendo o final.
No caso de 3096 dias a história de Natascha Kampusch já era conhecida no mundo inteiro, mas confesso que não lembrava de boa parte do que ela conta, mesmo no que diz respeito as coisas publicadas na imprensa durante os 8 anos de cativeiro. Não, você não leu errado, Natascha foi refém de um monstro por todo esse tempo, quando foi raptada ela estava a caminho da escola e tinha apensa 10 anos, quando conseguiu se libertar ela tinha 18 anos.
O relato da jovem no início do livro pode dividir opiniões, não vi seus pais como bons pais, pelo menos não no que ela conta, me pareceram um tanto quanto sem paciência com a menina, principalmente a mãe, por isso nos primeiros capítulos onde ela narra sua infância e a história de sua família, me espantou principalmente porque eu sabia que longe dos pais sua vida foi ainda pior. 
O dia em que Natascha foi raptada , era uma das primeiras vezes que ela ia sozinha para a escola, ela mesma diz que naquela época - o ano era 1998 - já haviam alguns crimes envolvendo pedófilos que haviam matado suas vítimas e ela estava alerta. Difícil imaginar que em uma cidade como Viena , onde só recebemos notícias de " Mundo perfeito" uma onde de maníacos estuprando e matando crianças. O livro é uma tensão só,por mais que saibamos o que iria acontecer, ela narrando que ia passar pelo sequestrador dá uma vontade imensa de entrar na história e gritar : " Por favor, não! Corre!" . Mas ela não o faz, ela passa por ele, ela é pega por ele e colocada dentro do carro branco. Ali terminava a infância de uma menina de classe média e começaria seu tormento por 3096 dias. Ao perguntar a Wolfgang ( o monstro que a sequestra) se iria estuprá-la ele responde que não, porque ela é muito nova. O leitor imagina que ainda tem muita história para ser contada e se pergunta - caso ainda não tenha lido as inúmeras reportagens com Natascha - se ele iria abusar dela sexualmente.
O cativeiro minúsculo, a falta de recursos, tudo é narrado, ela se lembra de tudo e sofremos junto com ela durante a leitura. Muitos podem se espantar quando ela narra dos 10 aos 12 anos a espécie de " carinho" que ela tinha com ele, afinal dependia dele para tudo, vista como criança , do seu modo doentio, ele a tratava como tal, lhe trazendo comida, brinquedos mas a isolando de tudo que a fizesse lembrar seus pais, para ela o monstro dizia que os pais não a estavam mais procurando , que davam graças a Deus por terem se livrado dela, quando ela dizia que não acreditava, isso irritava ele.
No momento em que ela menstrua, as coisas mudam, ela é vista como mulher e na cabeça do sequestrador como uma pessoa suja, os maus tratos aumentam e são muitos, chegam a dar embrulho no estômago tudo que essa moça aguentou ano após ano.
O sequestrador, Natascha e o cativeiro onde foi mantida por 8 anos

Achei interessante ao mesmo tempo que ela narra alguns fatos dentro do cativeiro termos notícias e fatos do que rolava do lado de fora, dá um misto de nervoso e raiva ver os constantes erros da polícia da época em tentar descobrir algo sobre o sumiço dela, chegam tão perto e anda fazem. Ou agem com tantos erros que jamais acharíamos existir isso no mundo perfeito que nos mostram lá fora, onde só nosso país tem atrocidadades e erros da polícia. 
Desnutrida, cheia de hematomas Natascha foge e se liberta aos 18 anos. Não conseguia parar de ler, o embrulho no estômago ,as maldades que li não saiam de minha cabeça nem quando ia dormir, terminei o livro diferente, incomodada.
Me assustou ver que depois de 8 anos sendo refém de um maníaco o povo de seu país ainda teve coragem de ficar contra ela. A acusaram de ganhar dinheiro com as história . Sério, a meu ver mesmo que tenha ganho, nenhum dinheiro vai pagar os danos de tempo e abusos que essa moça teve. Acusá-la de síndrome de Estocolmo por ter ficado com a casa, mas ela é clara quando explica que não queria ninguém comprando aquilo e fazendo de museu de seu triste passado.

Forte , verdadeiro e chocante. A história de Natascha nos mostra  o como o ser humano pode ser mau com seus semelhantes, mas também mostra a garra dessa jovem, que com todos os traumas e motivos para desistir de viver, lutou pela vida. Um livro maravilhoso e muito bem escrito. 

Foto do dia que conseguiu fugir saindo da delegacia

11 comentários:

  1. Quero muito ler esse livro e assistir ao filme. É realmente uma história chocante, mas a realidade das pessoas é essa. Muita violência, valores invertidos, o amor está se esfriando. Uma pena mesmo!
    Valeu a dica!

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  2. Sem palavras...curiosa para ler o livro,mas ao mesmo tempo muito chocada , muita violência assusta e amedronta...mas quero ler sim! bjs

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  3. Aiiiiinnnnn! Que nervoso! Fico muito impressionada com essas coisas. Aqui tem de tudo: assalto, furto, estupro, traficante, mas é muito difícil ter um psicopata capaz de atrocidades, tortura e frieza por tanto tempo. Ou daqueles que entram em lugares atirando em todos. Fiquei muito curiosa com a "logísitica" da coisa toda e por isso quero muito assistir o filme. Mas tenho medo do sentimento de impotência (por não poder fazer nada para ajudá-la) e insegurança (por ter medo de acontecer comigo ou com alguém que gosto). Nunca esqueço as imagens de tortura, fico muito impressionada. Obrigada por esclarecer algumas coisas pra mim, Raffa! Você é demais.

    Beijos,
    Bia

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  4. Nossa, este livro parece ser bem forte. Me lembro vagamente desta história, mas a resenha me motivou a ler, pois parece ser um ótimo livro e com riqueza de detalhes sobre o tempo de Natasha no cativeiro.
    Obrigada pela dia Raffa!

    Beijos

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  5. Raffa, tenho muita vontade de ler esse livro, mesmo sabendo que é uma história verídica, pois nem imagino por tudo que ela passou.Sinto nojo de gente que é capaz de fazer isso com seu semelhante
    Beijos

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  6. Me lembro bem das noticias da época em que ela conseguiu fugir...quanto ao livro estou sem palavras..realmente muito chocante .

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  7. É um tema bem chocante..tenho muita vontade de ler esse livro,gosto de livros com temas veridicos..me lembrou muito do livro O Quarto vc já leu?

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  8. Tenho muita vontade de ler esse livro, mesmo tendo partes muito, muito fortes, mas o fato de ser uma historia real, me deixou doida pra ler...A Anne ai em cima citou o livro O Quarto, também achei algumas semelhanças, embora não seja uma historia verídica, O Quarto tb tem partes que nos deixam com muita raiva do sequestrador, eu sofri demais lendo, e é um dos meus livros favoritos! Espero poder conferir essa leitura logo!

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  9. Oi, Raffa!!!

    Consegui esse livro emprestado por um tempo mas não pude ler e tive que devolver... =\ Agora fiquei triste... muita gente havia dito que não gostou o que muito me desmotivou mas agora me empolguei novamente porque temos o gosto parecido então... uhuuuu de volta a minha lista kkkkkkkkk
    beeeeeeeeeeijo

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  10. Oii!

    Um "chá de realidade", né:
    'Difícil imaginar que em uma cidade como Viena , onde só recebemos notícias de " Mundo perfeito"'
    Às vezes eu penso nisso: que há muita coisa ruim no "primeiro mundo" também. Claro que deve ser melhor, mas não é o paraíso na terra, como dizem.

    Gostei de ler sua resenha, mas não sei se eu leria esse livro. Me considero sensível, acho que eu ficaria muito mal lendo/vivendo isso com a Natasha.

    Ela ganhou dinheiro com o livro? Que ótimo! Algo para ela reconstruir sua vida! Sem contar que uma história verídica assim tem que ser divulgada - infelizmente o ser humano é capaz de atrocidades e ter consciência disso é importante.

    http://sonhos-e-suspiros.blogspot.com.br/

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  11. Emocionante história...choramos junto com cada amargura dessa menina.
    Apesar de todos os julgamentos que fazem a atitude dela Com relação na Proklopil, procuro sempre entender o lado dela.No meu caso eu bjs estava morta pois odeio lugares fechados.
    Mais o livro é fantástico.

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