[Resenha] Dias Perfeitos @CiaLetras

Título Original : Dias Perfeitos
Autor : Raphael Montes
Editora : Companhia das Letras
Número de págs: 274

Depois de ouvir somente elogios vindo da obra do autor, claro que a curiosidade aguçou e ao começar a leitura entendi o motivo - merecido - de seu sucesso.

Teo é um estudante de Medicina carioca, filho de um casal que já viveu dias de glória, ele agora vê  a dura realidade que é após um acidente ter perdido seu pai e sua mãe ter ficado presa a uma cadeira de rodas. 

Garoto de poucos amigos e fã das aulas com cadáveres da faculdade - tanto que apelida um dos corpos de Gertrudes - ele é tido como estranho pelos que os conhecem bem , ou alguém que não se faça chamar a atenção pelas meninas.

Até que um belo dia, após sua mãe muito insistir, o vegetariano aceita ir a churrasco com ela , a princípio o que parece estar sendo um saco vira um momento inesquecível, já que é ali que conhece Clarice, outra universitária como ele, mas que não tem nada de tímida. Como um detetive ele consegue descobrir tudo que quer sobre ela : telefone, faculdade, endereço, etc. Como ele descobre? Deixo para vocês lerem e descobrirem. Mas somente por esse momento já passamos a achar o protagonista estranho, há algo de não muito comum em suas atitudes , há algo de bizarro para quem só viu aquela menina uma única vez. 

O que virá pela frente, somente a mente privilegiada do autor poderia imaginar, confesso que não ousei acertar nada do que aconteceria. 

Teo se apaixona loucamente por Clarice, mesmo ela deixando claro que nada quer com ele, mas como toda pessoa não muito boa das ideias ouvir um " ele é meu namorado" mesmo que essa pessoa que disse estando completamente bêbada, é motivo suficiente para se sentir amado e achar que tem uma chance.

Dali para frente , não sei mais o que resenho, me vem uma impotência e um medo de estragar a história. Posso dizer sem estragar que ele age e fala coisas como os melhores loucos da sétima arte e dos livros, posso mencionar que ele deve ter algum parentesco com aquela personagem possessiva do Stephen King?

Até onde posso dizer algo sem que você que lê me diga que " ah, isso eu queria descobrir sozinho!". 

Me dou o direito então de dizer que para quem é doido, uma palavra ingênua pode significar muito, o tempo e a razão não andam juntos para quem é como Teo, e como explicar as as atitudes de Clarice? Estocolmo manda beijos...ou a menina deveria concorrer ao Oscar.

E o final? Ouso dizer que me lembrou Harlan Coben , mas também tinha pitadas do mestre Patterson e a loucura de muitos personagem de King. E como amei ler cada página, como deu gosto ver que a loucura dos personagens - uns mais, outros menos - foram deliciosamente apresentados a mim a cada página e eu entrei tanto na história que foi difícil dizer adeus a eles. Como gostar de alguém que tem tudo para ser o vilão? Como imaginar aquele final? E o mais importante....como sonhar que um autor do Brasil me empolgasse tanto? 

Queria poder falar muito mais, mas estragaria as surpresas, e isso , ah, esse sabor delicioso de não imaginar o que o autor reserva aos dois...ah, esse eu dou a vocês o mesmo prazer que tive : leiam e descubram. Impressionada com o talento desse rapaz.