Dirigido por Eduardo Coutinho
Com atores desconhecidos
Gênero Documentário
Nacionalidade Brasil
O documentário em questão era para ser mais uma obra-prima do mestre Eduardo Coutinho, renomado diretor que ficou mais famoso ainda depois do sucesso Edifício Master , mas por uma infelicidade do destino, quis que esse ficasse marcado como o último feito por ele, ano passado seu filho o matou dentro da própria casa.
Fica então aquele ar saudoso de quando ele aparece na tela e depois de assistir por inteiro você pensa " como pode um filho matar o próprio pai?" . Na ausência de respostas, com o documentário começado resta ao espectador se deliciar com o que eram para ser relatos de adolescentes de escola pública com média de 16 a 19 anos contando um pouco sobre o dia-a-dia.
Devo informar que após sair na metade do primeiro filme, a chance de ver esse era pequena, mas então encontrei a Raíssa que é uma amiga crítica do Almanaque Virtual e voltei para o cinema para ver esse maravilhoso relato, devo mil agradecimentos a ela .
No início ele conta a produtora que o acompanha - e faz isso na frente das câmeras - que seu sonho era fazer um filme com crianças, mas que o governo já havia dado patrocínio para esse então ele tinha que finalizar, em 1 semana o documentário. De acordo com Coutinho o adolescente tem pouca memória e já vem moldado, a melhor coisa são crianças porque elas agem como acham que devem agir.
Assim sendo entra a primeira entrevistada - e não vou lembrar o nome de todos, desculpe - uma menina de cabelos encaracolados, poucos gestos e nenhum sorriso. Ela informa que seu pai é porteiro e que sua mãe trabalha na igreja, que são católicos mas ela é ateia. Quando achamos que não há nada de emocionante para acontecer Coutinho nos ganha, pedindo para que ela leia seu diário ela diz que prefere que ele leia, e então vem a melhor parte, assustados com o que ele lê os dois se despedem. A menina que diz ter sofrido bullying e que não quer namorar ninguém vai embora.
Muitos deles são marcantes, outros nem tanto, é o caso de minha xará Rafaela, a moça sorri quando diz que tem um namorado mas chora quando lembra da falta da mãe que saía para trabalhar cedo e nunca lhe deixou faltar nada material mas nunca deu amor. Também é forte o relato de que ela foi abusada pelo padrasto.
Entre depoimentos engraçados e tensos Coutinho faz toda a diferença ao saber entrevistar e tirar de cada um o que pensa. E principalmente : o que espera da vida ao terminar o ensino médio?
Pâmela Luana é uma paulista que veio morar no Rio, a moça simpática conta que sofreu preconceito e que teve que aprender a conviver com isso. Do nada ela mostra as músicas que gosta, cita algumas bandas e canta Roxette, em um inglês certinho, em uma voz afinada.
Alguns rapazes são entrevistados, mas eles perdem das meninas, muito mais interessantes, muito mais verdadeiras e adultas. Uma delas que não recordo o nome confessa que sua mãe sustentou a ela e aos irmãos sendo garota de programa. Mas que largou a vida para viver com uma esposa que a menina chama de padrasta. O carinho que ela tem por ele/ ela é incrível e emociona.
Entre o choque da realidade, sistemas de cotas e vida real Coutinho nos arranca risos e lágrimas.
No final ele entrevista uma menina linda, Luiza de apenas 6 anos, a conversa é uma delícia e serve para fechar bem um dos melhores documentários que já vi. Pena que foram mesmo, por causa do filho dele, as últimas conversas desse gênio.
Puxa, eu me recordo do crime, mas não fazia ideia de quem era a pessoa(ao menos, não até começar a ler a crítica acima)
ResponderExcluirEngraçado como a mente da gente sempre nos prega peças.
Mas o que mais me impressiona é o destino agindo. Você iria perder um documentário assim e não teria a chance de nos dizer o quanto foi e é bom!
Verei com certeza, para me emocionar também e porque não, curtir ao máximo o último ato do fera!!!!
Amei muito tudo que li acima!
Beijo
Tanto o documentário parece ser emocionante quanto saber que esse foi o último trabalho dele. Ainda bem que você assistiu e recomendou, senão eu provavelmente não anotaria aqui para assistir. Adorei o que escreveu sobre ele.
ResponderExcluirBeijos.
Eu me recordo do acontecido (o filho que matou o pai) e ainda não vejo lógica nisso, infelizmente existem monstros na vida real.
ResponderExcluirEu não vejo muitos documentários mas deu vontade de assistir esse irei procurar.
Obrigada pela dica. Beijos
oi adorei a matéria !! Só tem uma coisisnha eu não nasci na Bahia sou Paulistana . e valeu pelo o inglês certinho!!
ResponderExcluirOi Pamela! Fiquei MUITO feliz com seu comentário, já corrigi na postagem a informação! Beijos e sucesso!
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