Especial : O Fim da Capricho Impressa

Porque um blog de livros e filmes falaria sobre essa revista? Bom, porque certamente esse espaço é para falar do que gosto e não tem como pensar na minha vida sem falar dessa revista. Não , não é exagero. Quando eu era adolescente o computador não existia, nem o celular, muito menos o tablet. A diversão era : tv, cinema, revistas e cds. O DVD veio um pouco depois quando as VHS já demonstravam um certo sinal de cansaço. 

Era ir para escola, passar na banca e saber se a Capricho havia chegado. Ela vinha em um plástico sempre com um brinde ou um livrinho separado sobre " signos" ou qualquer outro tema que interessasse ao público teen.

Eu nem tinha namorado na vida e amava junho porque era naquele mês que a revista viria com o Especial de Namorados, com algum casal fofo na capa e muitas dicas de presentes para a data. Não, eu não tinha quem presentear, mas era com a revista que sonhei com meu primeiro beijo, com a primeira transa e com as inúmeras dores de cotovelo. Foi tão mais fácil decidir que aos 15 anos eu queria ir para Disney ao invés de festa com vestido rosa de manga bufante.

A Capricho tinha feito capa linda com uma moça de orelhão de Mickey e eu nem tinha 15 anos ainda, mas guardei a com muito carinho para o dia que pudesse ir na Disney - eu tinha ido com 9 anos mas nada se comprava a ir " sozinha" com 14 para 15 anos! - e queria tirar uma foto igual aquela.

Como viver sem saber se O.B tirava a virgindade? E se o gatinho da escola estava afim de você? Fácil, era só comprar a revista mensalmente e fazer os testes, se não me engano eles lançavam as vezes revistas só de testes e eu amava muito tudo aquilo.

Outra coisa que curtia era ver os gatos da tv como o Fábio Assunção que fazia Vamp, novela que por sinal eu amava, não perdia um capítulo!!

Ah, os Colírios da Capricho...fiquei saudosa agora, vários eram arrancados sem piedade e colados nas capas de cadernos, em portas de armário e onde mais eu inventasse. 
Vi também despontarem nomes que quando foram capas nem eram muito famosos:  vi Gisele Bundchen aparecer por ali, vi Ana Paula Arósio antes de ser atriz famosa, mesma coisa com Luana Piovani....e adorava uma modelo chamada Pietra que não sei quem fim levou.

Mais adulta passei a parar de assinar a revista, ela não podia mais responder minhas dúvidas...aí pulei para NOVA - porque é 08 ou 80, ou você ainda não transou ou você  transa e muito! Vai entender onde foi parar o meio termo! - mas confesso que até hoje quando via uma capa que gostasse eu comprava...e olha isso aconteceu muitas vezes na febre de Britney Spears e Crepúsculo, comprei TODAS que tinham eles na capa, e até bem pouco tempo ainda as tinha guardadas.

Tudo bem que muitas das pessoas que apareciam por ali eu nem sabia quem eram..era outra geração , outra linguagem mas aquele plástico aberto e o cheiro de revista novinha eram inconfundíveis.

Meus pais vivem reclamando das tecnologias, dizem que elas acabaram com os cds e os dvds, que vão acabar com os livros...eu quero estar em outra dimensão quando isso acontecer.

Me chamem de velha, amo a internet, adoro blogs, sites, etc mas nada me tira o prazer de um livro novo, de folhear uma revista, de ter contato com o jornal aberto! O que serão das bancas de jornais? feliz eu seria se  tivessem me dito hoje que os cigarros não seriam mais fabricados - pelo jeito as bancas vão viver deles e de havaianas - mas a Capricho? Caramba...doeu. É como se me tirassem uma parte da adolescência...como me senti quando os cinemas de rua que ia com meus pais viraram sapatarias e drogarias.

Que geração é essa que não gosta de tocar nas coisas? Tudo é virtual? E que tempos são esses que vivemos onde se a revista vai virar on line não seriam necessários terem demitido os jornalistas...eles não poderiam gerar conteúdos para o canal da revista? 

Confuso, triste...e órfã, é assim que me sinto sem a revista da gatinha - era assim que ela era chamada - nas bancas.