quarta-feira, 19 de agosto de 2015

[Resenha] Philia @editoraglobo

Título Original : Philia
Autor  : Padre Marcelo Rossi
Editora Globo
Número de págs : 135











Peço desculpas se essa for a resenha mais pessoal que já publiquei por aqui, mas como sempre digo não sou crítica especializada , sou apenas uma fã de livros que tem sua vida turbulenta fora desse blog com dores e delícias. 
Fui criada no catolicismo, já tive épocas de muito ativa e bem menos, como agora. Não vou às missas, parei de ir em 2006 e desde então as frequentei somente em mortes de parentes próximos. Optei por rezar em casa, por ter minha imagem e por me apegar na fé que como muitos sabem é o que nos faz seguir em frente. 
Pois bem , esse ano talvez seja o que menos tive fé, não fui a nenhuma missa, não acreditei nas palavras que me falaram e me questionei muito no que realmente eu acreditava. Não é difícil perder a fé quando você olha para o lado e perdeu algo que você prezava muito ,  e por mais que lhe digam que você tem saúde, uma família incrível e muitas pessoas estão piores que você, para quem tem histórico de depressão isso não funciona. E vou bater na tecla de novo : depressão é doença, não é frescura.
Sempre gostei do Padre Marcelo Rossi, até mesmo dizia à minha mãe que para mim ele que era padre de verdade pois usava batina sempre e tinha um jeito sério de lidar com os fiéis. Diferente do Padre Fábio de Melo que sempre me pareceu um sertanejo que virou padre com calças justas e rosto perfeito.
Hoje tenho outra ideia deles. Padre Fábio me encanta - principalmente no twitter - com suas frases de humor que me animam muito e vejo nele apenas um padre diferente e não menos atuante da igreja. Já Padre Marcelo me espantou vê-lo magro demais, com cara de abatido e ao ver em entrevistas que ele tinha depressão ao invés de me identificar com ele, acabei perdendo a admiração, porque imaginei : " Como alguém que é padre e tem que ter fé e passa-la a nós , fica em depressão? Então eu tenho mais motivos ainda..."
Julguei, como muitas vezes fazemos e acabei não acompanhando nada mais do padre. No final de semana , meu noivo me deu o livro dele Philia , já tinha lido Ágape mas não o resenhei, não o fiz porque como o blog é ecumênico, não lido com religião nem defendo todo os dogmas da igreja católica , optei por não resenhar. Mas dessa vez ao postar a foto nas redes sociais vi algumas pessoas pedindo que eu resenhasse , e até hoje somente tinha resenhado por aqui o Quem me Roubou de Mim? do Padre Fábio de Melo.
Por ter um tema como depressão e outras angústias, me interessou muito e o li em um dia - ou melhor em uma noite - o próprio padre explica que acredita que Deus o fez ter depressão para ajudar os outros, eu entendo que não havia necessidade, e também me pergunto em que mesmo eu ainda acredito?
Dividido em 14   capítulos, o padre opta por tratar cada um dos problemas do dia a dia, muitos não vividos por ele como o desemprego , mas por seus fiéis e por nos dar palavras de incentivo , de fé e de esperança para que se possa ao menos ver o lado bom das coisas, não pensando no negativismo, que de acordo com o padre atrai somente coisas ruins.
O próprio título é uma palavra positiva , Philia é uma palavra utilizada pelos gregos que definia amor aos seus filhos, aos irmãos, etc É como se com essa palavra o padre quisesse espalhar por cima de nossos problemas do cotidiano todo o amor que devemos sentir para combater essas forças que nos colocam para baixo.
O primeiro capítulo já começa falando sobre Depressão, depois temos Ansiedade, Tristeza, Pessimismo, Medo, Remorso, etc
Para ser muito sincera , no momento em que me encontro onde sobram dúvidas sobre o que de verdade acredito e onde  a fé muitas vezes é esquecida acompanhada de um " porque comigo?" no momento de leitura me fez bem as palavras dele, ao final de cada capítulo há uma oração, a repeti como se rezasse, mas não vou mentir, no dia seguinte ao me deparar com a realidade de minha condição, ao ver que nada tinha mudado e que a Ansiedade é um de meus maiores defeitos, me senti para baixo novamente.
Tive uma depressão braba em dois anos de minha vida : 2001 para 2002 onde me agarrei na fé, sem a ajuda de médicos mas rezando muito, indo a igreja sempre , a venci, foi a época que mais tive certeza da religião que tinha, de que caminhos seguir.
Passado os anos, tive outra depressão forte, dessa vez precisei da ajuda de médicos, de terapia, de tomar remédios, isso aconteceu entre os anos de 2012 e 2013, não sei qual foi a mais forte, mas certamente por ser mais velha, teve um peso maior, quase perdi o emprego na época e muitas pessoas que eu gostava se afastaram de mim. É a mais pura verdade de que nessas horas os amigos de verdade ficam, mas foram meus pais que me ajudaram muito . Não tive muita fé, apesar de continuar acreditando no santo que sempre fui devota : São Judas Tadeu.
Esse ano um baque grande aconteceu, é como se eu estivesse prestes a realizar um grande sonho e de repente me acordassem dizendo que na verdade um imenso obstáculo estava ali na minha frente para lembrar que nada na vida é perfeito. Minha mãe sempre me disse que nada na vida é bom para sempre, mas que também nada fica ruim também. Quero de verdade acreditar nisso, por mais que uma parte do susto tenha ido embora, e que eu venha vivendo um dia atrás do outro, não encontrei na religião - ainda !- a força que preciso, tenho vivido um dia após o outro, lido muito sobre vários temas - inclusive esse livro - e focado nos eventos literários que apresento, descobri que neles, ao menos, naquele dia , tenho sido incrivelmente feliz.
Em todas as minhas depressões , como o padre cita, a vontade de viver vai embora e não é frescura , é doença mesmo, não se pode julgar sem ter vivido, é o que sempre digo. Não me orgulho de ser assim, mas me sinto vencedora, porque saí duas vezes e mesmo sabendo que vivo uma terceira vez pretendo vence-la. Para mim a depressão anda lado a lado com a decepção, pode ser aquele seu namorado ou marido que lhe traiu ou te abandonou, ou aquele seu amigo que aparecia somente quando você estava bem.
O que fica de lição, é que seus amigos de verdade não lhe deixam, o homem que lhe ama mesmo não vai terminar porque você não está mais sorrindo como antes, é fase, passa, mas a gratidão por quem te ajudou é eterna. Carrego no coração as pessoas que já me ajudaram a passar por esses momentos, e recomendo a leitura desse livro para você que passa por isso independente de sua religião. 
O lado triste da vida, passa. Já aprendi isso outras vezes, e não quero, não posso e não vou deixar ele me derrotar dessa vez.
Desculpem me pela resenha sincera, mas não tinha como falar desse livro sem citar o quanto muito dele faz parte de quem sou, de quem fui...

5 comentários:

  1. OBS: Não quero mudar sua opinião ou ponto de vista, ok?
    Achei lindo o que escreveu. Amei sua sinceridade! Também passei pela depressão em 2005 e esse ano no início de 2015, ela voltou a me assombrar e, como você, também me sinto uma vencedora! Mas, falando do livro, o Ágape se tornou numa época, meu livro da cabeceira e eu sempre tinha um na bolsa para presentear pessoas que precisavam e com isso, levei palavras de paz à muita gente. Confesso que fiquei um pouco receosa para ler Philia, pois tive a mesma percepção quanto ao Padre Marcelo que você, mas acredito que ao escrever o livro, é como se fosse um livro pra ele mesmo e, ao mesmo tempo, criado para ajudar a quem precisa. Uma vez ouvi que Deus usa de diferentes maneiras para falar conosco. Por isso, às vezes falamos para as pessoas, exatamente aquilo que precisamos ouvir e só nos damos conta, quando falamos! Sou católica, porém, sou muito aberta a outras religiões, razão pela qual não sou completamente bitolada e por isso consigo te entender perfeitamente. Em 2005 me vi "perdida", pois não me encontrava em nenhuma delas, mas o Ágape, é como se fosse um reencontro meu com a Igreja Católica. Ao ler Philia, consegui me encontrar em diversas páginas e orações. Sim, é um livro de auto ajuda, mas achei lindas passagens. Para ler o livro, primeiro, devemos ter o coração aberto, sem qualquer pré conceito ou pré julgamento. Aconselho a todos os que estiverem dispostos, acalma o coração! Beijos!!! (Ah e estou louca pra te conhecer pessoalmente, já que quando descobri o blog ainda estava de repouso em razão de um pé quebrado!)

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    1. Muito obrigada por seu comentário. Fico feliz em saber que outras pessoas encontraram em palavras como as dele força para seguirem em frente. Li Ágape mas não época não estava triste, pelo contrário - acho que foi em 2011- , então achei lindo mas não foquei muito nele, pois a força que precisava para me libertar de um amor que só me fazia mal, encontrei em Quem me Roubou de Mim? Mas com Philia, me senti forte no momento mas acordei mal. Talvez falte isso, reler toda vez que me sentir triste, é como se a oração nos desse o impulso que precisamos. Mais uma vez agradeço seu comentário e espero que possamos nos conhecer em breve! Estarei na Bienal nos finais de semana e o próximo evento do blog será dia 17 de outubro!
      P.S- somos vencedoras <3! Força para nós sempre!
      beijos

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  2. Eu nunca considerei depressão como frescura, mas sei lá...tenho um pensamento meio besta em relação a isso. Ninguém sabe o que a outra pessoa carrega dentro de si. Ninguém pode julgar e apontar o dedo na cara.
    Eu nunca imaginaria que você, essa menina tão sorridente nas fotos, teria depressão. Ou o Padre Marcelo(que eu tenho uma certa aversão). Não curto padres cantores, padres aparecidos demais, como o Antônio Maria(dos artistas). O Padre Fábio é o único que eu gosto muito. Tirando a parte cantor, mas curto pelos ensinamentos. Sempre jovens e a mente aberta que ele traz.
    Eu só rezo muito para que você, e tantos outros encontrem a paz. Traições, perdas, decepções..fazem parte do ser humano. É a lei natural da vida. Mas poucos são os vencedores. E você é!!!
    Acredite nisso. Não é uma casinha denominada Igreja, que vai trazer paz a quem quer que seja. É a fé...e mesmo achando que a perdeu, não acredito nisso. Pelo simples fato, de você sorrir. Aí está a beleza de Deus!!!!
    Admiro demais você,mesmo sem conhecer. E hoje, nessa resenha carregada de sentimentos, me encontrei.
    Beijo

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  3. Não sou religiosa, mas acho que entendo o que você quis dizer. E entendo a sua situação, não sei se o que eu tenho é depressão, mas tem muito tempo que estou desanimada com a vida, a única coisa que realmente me anima são os evento literários, se eu pudesse ir em todos eu iria.
    Quero muito te agradecer pelos eventos do blog, e pelos outros eventos que você faz, me animam muito mesmo :)
    Beijos.

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  4. Nunca li nada do padre Marcelo mas depois que vc mencionou esse livro fiquei com uma vontade enorme de ler. Minha mãe comprou esse livro pra ela e já já vou pega-lo pra ler.Sei bem o que é depressão..doença maldita infelizmente..do ano passado pra cá já passei por vários baques que até agora me pergunto como continuo de pé e vivendo um dia de cada vez.

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