Título no Brasil : Entre o Mundo e Eu
Autor : Ta-Nehisi Coates
Editora Objetiva
Tradução :Paulo Geiger
Número de págs : 150
O quão emocionante é ler um livro que se trata de uma carta de um pai para um filho? Primeiramente o mesmos problemas que ele enfrenta nos Estados Unidos se repetem no Brasil, onde recentemente nossa mais famosa atriz negra, a lindíssima Taís Araújo foi vítima em uma rede social de comentários ofensivos.
Ta-Nehisi Coates é um jornalista e tem um filho atualmente com 15 anos, basicamente o livro - ou a carta - aborda tudo que seu filho irá enfrentar na vida por ser negro , assim como ele e seus antepassados viveram literalmente na pele . O autor teve uma infância difícil, viu seus amigos serem assassinados, não conseguiu terminar os estudos e junto com a mãe do menino teve que trabalhar muito para que o filho não passasse por tudo que viveram.
São nas 150 páginas do livro que o agora colunista da revista The Atlantic coloca para fora tudo que sempre enfrentou em seu país para se fazer ouvir, onde a supremacia branca sempre reinou em todos os lugares que olhava. A gota d ´água para que ele quisesse escrever o livro foi ter perdido um amigo para a violência, um policial o matou, o confundindo com um bandido. Já vimos isso por aqui? O tempo todo. Quantos negros são confundidos com bandidos pela simples cor de sua pele? Mas vidas não voltam, e aós a bala atirada o autor perdeu seu amigo mais uma vez para o preconceito, onde se vê um negro, se atira, e depois checa-se se era ele mesmo.
No livro ele informa ao filho, que temos que viver diariamente provando ao mundo que somos inocentes, que somos honestos, porque nossa cor de pele diz o contrário. Em uma parte há o relato da entrevista emocionante que ele tem com a mãe do rapaz assassinado - um cara super trabalhador - e se vê nas palavras dela entendendo pela primeira vez porque ama seu filho obsessivamente, talvez mais do que qualquer pai branco . O motivo? Ele precisa proteger o filho do mundo, e das injustiças que sabe que ele sofrerá por ter nascido com a pele escura.
A carta serve como um alerta, para que o filho amado tome cuidado, que não se deixe abater e que esteja sempre pronto para se proteger das ameaças que sofrerá, será o mundo branco contra ele. Recentemente Spike Lee - famoso cineasta americano - divulgou para mídia que boicotará o Oscar pelo segundo ano consecutivo, a razão? Não há candidatos negros concorrendo em nenhuma categoria.
Por mais que pareça bobagem para alguns , para quem sofre na pele diariamente o racismo entende porque existem sistema de cotas e outras ações em diferentes países para que os negros não se sintam menosprezados por toda uma população que já os diminui há anos.
Um ponto parece polêmico e realmente ao ler algumas matérias entendi o espanto. O autor não acredita em Deus, muitas das comunidades negras americanas onde há forte participação religiosa ele diz que não há qualquer consolo ou união e nem espaço para Deus e boas intenções quando o assunto se trata de racismo. Levantando assim muitas das dúvidas de pessoas extremamente religiosas e negras se deveriam apoia-lo na luta contra o racismo. Por muitas vezes ele cita a importância da união entre os negros para se vencer as barreiras impostas pela sociedade. Mas parece dar um tiro no pé ao falar que Deus não é solução dividindo assim os que apoiam a causa mas que vem na religião uma imensa força para sobreviverem aos ataques racistas diários.
Um livro excelente do início ao fim, para quem acredita que não há racismo no Brasil , pergunte ao seu amigo negro se realmente nunca sentiu preconceito vindo de alguma parte? E depois entenda porque livros assim são um soco na boca do estômago de quem acredita que escravidão é coisa do passado .
É engraçado que esse assunto nunca sai de moda, infelizmente! Vira e mexe a gente se depara com notícias assim, em jornais ou internet. Sejam atores, pessoas comuns..sempre há uma ponta de racismo em todos nós. Desde as piadinhas contadas na infância, até as cotas de separação em faculdades(que sou contra).
ResponderExcluirMas creio que isso nunca terminará. O racismo foi imposto a nós e não há mais como se desfazer de algo que está enraizado.
Adorei o tema do livro e com certeza, a maneira simples com que foi exposto é outro ponto forte!
Lerei com certeza!
Beijo
Oi, Raffa!!!
ResponderExcluirGostei! Parece ser um livro bem interessante. Eu já quis ter filhos porém há mais de 5 anos que tirei isso da minha cabeça. Sempre que vejo as pessoas empolgadas em ter filhos penso se elas vivem no mesmo mundo que eu. Não querendo ser pessimista mas está tudo bem ruim e no caso deste pai, fico imaginando que ele tem uma preocupação a mais só pela cor da sua pele... isso é bizarro! Quanto a não acreditar em Deus, acho que isso é bem fácil. Quem não duvidaria quando vê tantas coisas ruins acontecerem o tempo todo? Acho até que é mais fácil pensar que Deus não existe do que pensar "poxa, fui escolhido para ser negligenciado por Deus"... Não me entenda mal, eu ainda acredito em Deus, mas já passei por essa fase de não acreditar e consegui superar. Hoje, acredito que Ele existe sim e que coisas ruins acontecem o tempo inteiro em menor ou maior escala com todas as pessoas por conta do livre arbítrio e não porque Ele é omisso e permite...
Vixe, falei demais! rs só pra variar...
Saudades de vir aqui... Mais uma vez te peço que não me entendas mal... é a deprê que me consome e não me permite caminhas às vezes...
Beeeeeeeeeeijos
Racismo existe e muito! Detesto gente racista, preconceituosa ou homofóbica, pois tudo eles levam para a violência e os maus tratos.
ResponderExcluirAmei sua resenha Raffa.
Incrível como tem coisas que não mudam!
ResponderExcluirEsse livro é interessante para todos lerem!
Já entrou na minha lista, e vou recomendar!
Beijos :)
Quem disse que aqui o racismo acabou realmente vive fora da realidade, a gente vê isso diariamente, nos telejornais, revistas e internet, e as vezes ele acontece do seu lado, com seu amigo...é muito triste essa situação, então entendo a preocupação do autor com seu filho! Parece um livro excelente, e com certeza vou ler! Bjão!
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