[Resenha] O Amor Nos Tempos do Ouro

Título Original : O Amor nos Tempos do Ouro
Autora : Marina Carvalho
Editora Globo Alt
Número de págs: 326

O que acontece quando uma autora resolve fazer um romance de época finalmente passado no Brasil? Sim, depois de inúmeras histórias passadas na Europa tive a felicidade de ler O Amor nos Tempos do Ouro da autora Marina Carvalho e me deliciar com uma aula de História misturada com um delicado romance onde a protagonista não se faz de sofredora e em nenhum momento cede aos pensamentos machistas da época, sendo deixando claro o que pensa a todos e talvez por esse motivo Cécile Lavigne tenha me ganho tão facilmente. 

Metade portuguesa e metade francesa, a moça de 19 anos se vê após um naufrágio sem seus entes queridos como seus pais e seus irmãos. Sozinha e menor de idade - para época - ela não tem outra opção senão vir para o Brasil onde seu único parente vivo reside :  tio Eusébio. Acontece que o tal tio está mais para madrasta malvada de contos de fada da Disney , com tudo armado, ele já combinou o casamento da sobrinha com um homem bem mais velho que ela que é dono de boa parte das terras de Minas Gerais, Euclides de Andrade.

Mal chega ao Brasil ela já se depara com as malvadezas do tio, que a separa da última pessoa que ainda tinha nas lembranças com seus pais : sua dama de companhia, a trocando por outra pessoa. No longo trajeto do Rio de Janeiro até Vila Rica em Minas ela será acompanhada pelo explorador Fernão, um homem com um corpo que ela nunca ousou ver antes e sem papas na língua até mesmo com quem lhe paga : o temido por todos Euclides.

Mesmo não concordando com o casamento forçado da moça com o homem que manda na cidade, Fernão cumpre seu papel a acompanhando e despertando uma mistura de amor e ódio durante o trajeto. Não dando o braço a torcer, ele também se vê do nada sentindo um algo mais pela moça mas não cede, e continua tentando lembrar que foi pago para entrega-la bem a seu noivo. 

Acostumada com tudo do bom e do melhor, Cecile poderia ser uma moça cheia de preconceitos, mas não, ela é defensora dos escravos  e tem um coração imenso. O que claro faz com que Fernão tenha ainda mais dificuldade em tira-la da cabeça.

O que Fernão e Cecile não imaginam é que o tio dela fez um acordo com Euclides unindo o útil ao agradável, ao entregarem Cecile , o noivo receberá 40 por cento da fortuna que os pais da moça deixaram para ela. Já que sendo marido poderá administrar.

No belo cenário mineiro, com falas doces da época e vencendo todas as barreiras que há entre os dois, Fernão e Cecile nem imaginam o que a autora reservou aos dois e para nós leitores que ficamos na torcida cada vez que ele ou ela respondem ao insuportável Euclides, um homem machista e sem coração. Preocupado somente com os negócios e em maltratar escravos.

Poderia ser mais um livro de romance de época, mas é tão gostosas a forma como Cecile vai vendo seu coração ser preenchido novamente depois de ter perdido seus pais que o leitor se sente amigo da personagem e quer abraça-la, como se a gente a empurrasse e dissesse : Viva! 

Fui mais longe ao terminar o livro e quis que assim como histórias que amo como A Casa das Sete Mulheres e Dona Beija, o livro virasse filme ou mini série. Vou ficar na torcida, e até mesmo querendo que tenha uma continuação, por favor Marina, precisamos de mais amor, precisamos de histórias lindas como a de Cecile e Fernão.