Menina que via Filmes: Eu, Daniel Blake [Crítica]

Título Original: I, Daniel Blake
Título no Brasil: Eu, Daniel Blake
Data de lançamento 5 de janeiro de 2017 (1h 41min)
Direção: Ken Loach
Elenco: Dave Johns, Hayley Squires, Dylan McKiernan mais
Gênero Drama

Nacionalidades Reino unido, França, Bélgica
#2 assistido
#3 criticado

É fácil se identificar com o filme Eu, Daniel Blake vivendo no Brasil, já que se você alguma vez tentou pedir o seguro desemprego e enfrentou horários lotados e teve que acordar às 5 da manhã para achar um horário no site deles para pedir algo que é direito seu sabe bem do que estou falando. A questão que impressiona é que o filme não se passa no Brasil e como já haviam me dito mas é comprovado no longa no Reino Unido há leis muito menos proteccionistas ao trabalhador do que por aqui. 

Daniel Blake ( Dave Johns, estupendo!)é um senhor viúvo de cerca de 58 anos que sofreu um ataque cardíaco enquanto trabalha em um andaime, ao ser medicado os profissionais lhe indicaram que se afastasse do trabalho, do contrário poderia ter outro ataque e seria fatal. 

O filme já começa com ele tentando explicar a uma "profissional de saúde" que questiona o que os médicos lhe indicaram já que ele consegue colocar um chapéu e abotoar a roupa, então a sabe tudo diz que ele está apto a trabalhar. Tudo isso porque ele tenta em vão conseguir  o tal auxílio financeiro para pessoas em sua condição.

Parece piada mas de acordo com o apresentado no filme, há mais burocracia nesses casos do que nosso país, ele tem que aguardar um perito ligar para ele, enquanto não recebe nada e vai tendo que vender as poucas coisas que tem. 

Impressiona o caráter do cidadão que só quer o que lhe é de direito e que mesmo atolado de problemas arruma tempo para ajudar Kate ( Hayley Squires) uma mulher sem dinheiro nem pra comer com duas crianças pequenas pelas quais Daniel se afeiçoa como um avô. A relação que vão estabelecer é linda, como a de um pai e uma filha, não há interesse e sim uma amizade linda que comove demais.

Kate também perde o direito que teria em receber auxílio e os dois são a prova de como o sistema do governo faz de tudo para impedir que as pessoas recebam seus direitos. Para terem ideia de outro momento ao mudar o pedido de auxílio para um parecido com o nosso seguro desemprego, Daniel tem que provar que procurou em dezenas de lugares e levou negativas, do contrário não poderá receber nada. Não parece cruel que a gente ache que no Reino Unido é tudo melhor do que aqui e a realidade é bem diferente? Com centenas de pessoas aguardando na fila por uma cesta básica? Quem diria, a gente pensa que é só coisa de terceiro mundo...como o nosso, correto?

Mas Daniel prova que não, que em seu país as leis o afastam do que deveria receber e por ser honesto mas humilde enfrenta burocracias nunca antes imaginadas por ele, ainda mais porque ele é o que chamamos de analfabeto digital, não sabe nem mexer em um mouse, nunca ligou um computador e como tudo na vida precisa acessar a internet para preencher formulários obrigatórios. 

O filme é lindo mas triste e eu chorava de soluçar no final. Por favor, assistam <3!

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Oi, gente, essa última parte vai para um desabafo que senti vendo esse filme. Ao final da sessão as pessoas aplaudiam, o cinema que fui no horário em que estive é majoritariamente de idosos, acho que eu era a mais nova da sala. Enquanto todos aplaudiam no meio da sala senhoras começaram a gritar "Fora, Temer!" no que outra parte as xingou e disse "Fora Dilma!".

Evito entrar em temas políticos aqui no blog porque minha opinião não vai mudar em nada o cenário do país, sei que o pode mudar é meu voto...

Mas confesso que me senti agredida, porque as pessoas acham que podem esfregar na nossa cara o que é melhor para elas? Desde que o mundo é mundo que só se olha o próprio umbigo, quando ainda nem trabalhava ouvia as pessoas dizendo que FHC era ótimo e quem era funcionário público dizia que era péssimo porque não permitia aumentos no salário que estavam congelados...a verdade é que não tive pais funcionários públicos e não sou funcionária pública mas me compadeço com a dor dos servidores de meu estado quando aparecem na tv que não estão recebendo seus salários. 

Mas quantos desses ligam para o fato de que a crise afetou tantas pessoas e que 12 milhões de pessoas perderam seus empregos?

Trabalho desde os 18 anos, desde então recebi o auxílio desemprego 3x. Em 2009 por 1 mês apenas quando fui demitida mas logo arrumei outro emprego, era o governo de Lula e o país bombava na área que trabalhei por 6 anos, a de óleo e gás. Não tive nenhum problema para dar entrada no benefício, pelo contrário, recebi corretamente e dei entrada na mesma semana!

No governo da Sra. Dilma Roussef tudo começou a piorar, eu não super entendo de política mas gostaria de saber porque a defendem tanto? Ladra ou não pra mim ela afundou o país...me vi sem emprego em uma empresa que tinha mais de 5 mil funcionários, fiz parte das homologações de centenas de pais de família que choraram do meu lado. Trabalhava um dia, no outro não sabia se eu seria a próxima ou se alguém ao meu lado era a bola da vez. Foi assim até o dia que voltei do almoço e chegou a minha vez...eu chorava demais, eu não acreditava que após me empenhar tanto ia ficar sem emprego. Então tentei homologar e o sindicato tinha tanta gente para atender que só tinha data para 3 meses depois...seriam 3 meses sem trabalho? Colocava currículos como louca, chorava a cada não e olha que foram 38 nãos!!

Como sabem sem homologação não posso dar entrada no seguro desemprego e nem sacar o FGTS. Era um desespero só, eu mandava currículos para meus amigos e a maioria me dizia que também tinha perdido o emprego.

Foram 5 infinitos meses sem carteira assinada, claro que como sou dura na queda eu arrumei um freelancer de um cargos e salários para fazer em um cartório, e qualquer dinheiro que entrasse eu sorria como o gato de Alice.

O que consegui no final de 2015 com as lojas no meu bairro fechando ( sim, tentei voltar para as lojas que foi o que fazia no início de minha vida profissional trabalhei 6 anos como vendedora, mas as gerentes só informavam que estavam demitindo e não aumentando o quadro), com meus amigos desesperados sem emprego assim como eu, foi um trabalho temporário para Rio2016, lá fui eu ficar quase 1 ano trabalhando no projeto, claro que estava feliz, lógico que pensava que até lá a Dilma faria algum milagre para retornar com os empregos...mas só aparecia roubalheira  e eu queria mas não conseguia não perder as esperanças...ao contrário de uma parte que a queria ver morta, eu queria que ela ou qualquer outra pessoa ajudassem o povo a se reerguer...

Esse pouco menos de 1 ano passou voando, tive um trabalho incrível mas continuava me doendo ver tantas pessoas que a gente contratava com um potencial incrível aceitando qualquer valor para ter o que comer...foi bem assim, se por um lado diminuía a dor, por outro a gente sabia que ia ter fim.

E teve, e mais uma vez a maldita crise me fez voltar para fila do sindicato, esperar 4 horas para ser atendida, 3 semanas para conseguir um agendamento de encaixe e acordar às 5 da manhã para consgeuir dar entrada no seguro desemprego.

O que mudou? Nada...contino desempregada, mas vão dizer "O Temer não ia mudar tudo?" Pois é, assim como a Dilma, eles infelizmente não fazem milagres, e eu não sei de fato o que esperar, nesse meio tempo - vamos para 4 meses sem emprego - eu já fiz 22 entrevistas! A cada não eu acho que nunca mais voltarei pro mercado de trabalho. 

Eu não fiz esse desabafo para ser a favor da Dilma ou do Temer, eu sou a favor do Brasil e do povo..e a impressão que tenho quando endeusamos esses políticos é que só olhamos para nós mesmos, se para nós foi melhor do que o outro...porque me desculpem, não acredito que as senhoras que adoravam o governo anterior saibam o que passei, e eu ainda tenho um marido que trabalha, imaginem as pessoas que passam fome? Que tiveram que tirar os filhos das escolas? 

É tudo muito triste, e por essa razão me incomodo quando alguém defende com unhas e dentes um governo que não fez isso só a mim, mas no momento a 12 milhões de pessoas. 

Era isso ;) 

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