[Resenha] Rita Lee - uma autobiografia

Título Original: Rita Lee - uma autobiografia
Autora: Rita Lee
Editora Globo 
Número de págs 296
Formato lido: E-book
Aparelho : Kindle
#10

Vamos aos fatos: eu sempre ouvi músicas de Rita Lee interpretadas por outros cantores.  Nunca fui a nenhum show dela, muito menos tive um cd ou dvd. Porque então ler uma biografia dela? Porque obviamente me interessei pela falação apresentada nos meios de comunicação de que seu livro tinha alcançado 100 mil cópias vendidas e de que tinham muitas partes reveladoras. 

Lá fui eu fazer a leitura em e-book da obra. Rita, filha caçula de um descendente de americanos, Charles, que ela chama de Sargento o livro quase inteiro, e de uma filha de italianos nasce em uma casa que ela apelidou de harém, tudo porque com mais duas irmãs mais velhas e uma quase avó morando com elas seu pai era o único homem do lugar.

Infância comum para época, não fosse pelo abuso sofrido por ela com um homem que foi consertar a tv de sua casa quando Rita  tinha apenas 7 anos. Quando ela narra o fato sentimos a dor dela que por ingenuidade não entendeu muito o que tinha acontecido, mas se lembra bem de que a partir desse fato horrendo sua mãe e irmãs passaram a lhe tratar com a caçula traumatizada, que tudo podia aprontar porque era uma coitadinha, seu pai morreu sem saber disso.

Um pai severo que nada permitida, dentista de celebridades como Maisa, Sérgio Cardoso...e na casa dela nunca faltou nada. Sempre amou animais e música e foi com muita alegria que passou a tocar violão. 

Narrado sempre por Rita mas com notas de um ghost writer quando a memória dela falha, a história as vezes vai e volta o que faz com que tenhamos que estar atentos a inúmeros nomes citados de famosos ou não e das épocas, confesso que me confundi um pouco.

Do início como cantora dos Mutantes, banda que fez tanto sucesso que chegou a ser elogiada por George Harrison. Normal em livros do gênero, Rita é muito discreta quanto à relações sexuais, casou-se primeiro com seu companheiro de banda, Arnaldo, que não foi nada honesto com ela - tanto em traição quanto com expulsá-la da banda - o que fez com que o casamento acabasse junto com sua saída da banda, ela ficou de 1966 a meados de 1972.

Conheceu muitos famosos assim como ela, fez amizades inesquecíveis que lhe ajudaram muito, como Paulo Coelho com quem teve um namorico e com  Hebe Camargo. São muitos as páginas de sua vida que envolvem cantores e atores que gostamos, para mim obviamente  a mais marcate foram seus encontros com meu ídolo David Bowie.

Através de Ney Matogrosso conheceu seu até hoje marido e parceiro musical: Roberto Carvalho, com quem teve 3 filhos.

Outro fato marcante na vida de Rita foi a prisão em plena ditadura, grávida do primeiro filho, por ter testemunhado contra um policial que matou um rapaz em um de seus shows. Rita passou meses trancafiada.

Seu caso de amor com o ácido, depois destruidor com a bebida, é narrado com muitos eventos tristes através dos anos, incluindo internações e uma queda feia que lhe valeu um pino no maxilar.

Hoje Rita tem 69 anos, cita cada uma das mortes importantes de sua vida como a de sua irmã aos 37 anos, a de seus pais e de muitos outros, mas pelo que narra parece não ter medo da morte e já imagina como a mídia se comportará.

A cantora e compositora que tem seu nome gravado no rock nacional graças à músicas como Doce Vampiro, Baila Comigo, Nem Luxo, Nem Lixo e Desculpa o auê certamente te uma história que merece ser lida por todos, com altos e baixos, com seus erros e acertos e com trechos bonitos de demonstração de amor pela família, Rita é rock puro, e uma delícia de ser lida.