Menina que via Filmes: Moonlight [Crítica]

Título Original: Moonlight
Título no Brasil: Moonlight
Data de lançamento 23 de fevereiro de 2017 (1h 51min)
Direção: Barry Jenkins
Elenco: Alex R. Hibbert, Ashton Sanders, Trevante Rhodes mais
Gênero Drama
Nacionalidade Eua
#43assistido
#44criticado

Essa crítica está sendo publicada horas após o filme ganhar o Oscar de melhor filme, melhor ator coadjuvante ( para Marshala Ali) e melhor roteiro adaptado. Assisti antes da noite do Oscar e foi um filme que me deu sono lá pela metade do longa e mesmo tratando de temas tão necessários de serem abordados, achei o ritmo muito lento  e a abordagem por muitas vezes corrida.

Já aviso que esse texto pode conter spoilers, sugiro que assista o filme e depois volte para essa postagem. 

Chiron ( quando criança interpretado por Alex. B.Ribbert) é um garoto cuja mãe é drogada, papel da excelente atriz Naomie Harris, ele é "adotado"por um casal: Juan ( Marshala Ali) e Teresa ( Janelle Monae), já que a mãe biológica mal para em pé, o curioso é que apesar de um ótimo pai para o menino, Juan é um traficante de Miami, o menino aprende a ter uma família em parte, já que sua mãe vive o  atormentando pedindo dinheiro. Na segunda fase ele é conhecido como alguém que quase não fala, tem quase nenhum amigo e vive tentando se esquivar do bullying que sofre por sua mãe se prostituir para conseguir dinheiro para as drogas. 

 É aí que EUA e Brasil se parecem muito, por mais que ele queira levar uma vida correta, ir à escola, ficando na dele...não consegue. O ambiente da escola é péssimo, os estudantes lembram marginais sempre prontos a atacar uns aos outros, Chiron vai sofrer nas mãos de um específico que vai lhe fazer querer vingar-se e quando o faz perde a liberdade, como sair desse submundo se a vida não permite? Se sua mãe vive lhe extorquindo grana para comprar drogas, se na escola apanha muito e ninguém faz nada? 

Nessa fase adolescente rola uma cena que eu não sabia que teria. Chiron descobre sua preferência sexual - por meninos!- com um amigo da escola. Mas é exatamente ao descobrir o prazer que logo depois descobrirá o como dói ser traído por quem a gente gosta.

 Nesse jogo de querer o correto mas lhe empurrarem pro errado - e citei o Brasil porque quantos meninos de comunidades tentam levar uma vida sem crime mas acabam convencidos que ser do lado errado é mais fácil e garantido? - ele cresce e já corta para um Chiron traficante, de dentes de ouro que vai morar em Atlanta. Trevante Rhodes com seu corpo malhado assume as rédeas e manda bem no papel do homem atormentado pelo passado, que vai atrás do que sente por alguém que nunca mais viu mas ao mesmo tempo se fecha porque já cansou de sofrer na vida.

Contando assim está claro porque a Academia escolheu o filme: um negro, gay que não entende qual outro caminho tinha a seguir na vida se seu pai adotivo era traficante, sua mãe uma viciada e os garotos da escola nunca lhe deram sossego? Todo trabalhado no whey protein, Chiron que na terceira parte é conhecido como Black, acha que a vida não tem mais nada mesmo a lhe oferecer, mas ao confessar que nunca teve uma namorada acaba revelando que nunca assumiu quem de verdade é.

É o retrato de um personagem forte, indeciso e cansado de sofrer. Mas que vai nos deixar com a dúvida de se foi para o lado bom ou se permanece traficante no final.