[Resenha] Do que você tem medo?

Título Original: What are you afraid of?

Face down your fears with faith

Título no Brasil: Do que você tem medo? Derrotando seus medos pela fé

Autor: Dr. David Jeremiah

Editora CPAD

Número de págs:  260

#22

Quando leio ou falo sobre medo a primeira coisa no momento que me vem à cabeça é o medo de passei a ter desde o ano passado de voar. Sim, logo eu que peguei dezenas de voos sozinha, que peguei turbulências e sobrevivi a todas já pensando na próxima viagem. Depois de um voo Rio X SP na presença de meu marido e de minha mãe passei a sua frio e rezar muito quando entro no avião. Aí que está, o porquê de ter começado esse parágrafo falando de um medo recente, porque o livro em questão aborda o medo como sendo consequência da falta de fé. 

Há um capítulo onde o autor nos diz que é porque depositamos esperanças e dependemos de outra pessoa para algo que depositamos nossos medos nessa relação e nos esquecemos da fé. Será? De certo modo confesso que nesse voo eu rezei mais Pai Nossos do que em toda a minha vida. Em outro episódio mais recente, em dezembro - quem é meu amigo no Facebook leu esse relato- eu voltava na mesma São Paulo quando o avião passou a tremer muito e eu para relaxar liguei aquela mini tv do assento à minha frente. Por acaso ou não passava uma missa, sou católica e não me recordo de nenhuma outra missa que tenha repetido com tanta força o que o padre dizia. Meu marido até me cutucou dizendo que eu estava rezando alto demais, não vi ninguém reclamando, deviam estar com medo assim como eu, e lá fui eu rezando até aterrisarmos. O que quero dizer com isso? É que assim como eu muitoas pessoas tem medo e quando o tem "apelam"para a fé e buscam sua religiosidade nesses períodos.

 Eu mesma sou assim, mas acredito que alguns medos sejam controlados, tratados - seja pela fé ou por um terapeuta- enquanto outros nos acompanham a vida inteira. O que me incomodou durante a leitura, mas obviamente que entendo que esse se trata de um livro evangélico escrito por um pastor, é que há "muita Bíblia"e sua citações do que qualque outra coisa. Vou dar um exemplo claro, ele fala sobre isolamento em um dos capítulos e claro que associado à depressão, eu como já tive sei bem que é nessa época que perdemos mais a fé que temos, claro que depois podemos voltar a tê-la em parcelas menores ou maiores, e não vejo nada de mal de se apegar a alguma religião para sair dela. Cada um sabe onde aperta seu calo, certo? A 'questão é que mais uma vez ele cita um versículo para nos provar que por mais que sua mente diga para você não se isolar o correto é sair de casa, ver pessoas...isso é lindo no papel, mas sem ajuda médica fica difícil na vida real.

Também cita casos de personalidades que após muita fama se perderam - o que mais teria né, isso é super comum- como a saudosa atriz Marlene Dietrich com sua fama imensa, seu casamento de aparências onde vivia com dezenas de amantes e que por final de afundou no vício vivendo reclusa em Paris. Parece a história de muitas famosas como a própria Edith Piaf que teve fim semelhante, mas o que isso prova? Que deixar de se amar é terrível mas ainda assim é mais forte que a gente, e isso varia de pessoa para pessoa, não podemos achar que todos se curarão pela mesma  metodologia. Ainda mais alguém, como já disse acima, em depressão, que mal sabe o que está fazendo.

"É falta de buscar a palavra do Senhor", já ouvi isso, e não discordo que seja, mas não podemos querer que todos se salvem pela fé, e quem não acredita em nada não merece ser salvo?

Outros pontos a avaliar: o medo de dívidas, como não ter com um país em crise? Fácil e lindo dizer que não se pode perder a fé quando começa a faltar comida na mesa...quando os filhos andam de roupas furadas...ou quando você tem um padrão de vida e é responsável pelas contas da casa mas tem que dar a péssima notícia dos cortes de gastos para sua família. E que devemos não nos preocupar com os bens materiais porque o que importa mesmo é o que não é tangível como o amor pelo espírito santo.

Pergunta: quando ele comprou a casa abaixo ele parcelou no Jesus Card? Só por curiosidade mesmo!

 Mais uma vez lembro que não acho errado pastores receberem dinheiro para seu trabalho, muito menos serem casados - sei que sou católica mas essa é uma questão da igreja católica que não entendo até hoje, deixaremos para outra resenha esse assunto - mas gosto quando padres ou pastores entendem que precisamos de trabalho, uma coisa é ser ambicioso ter grana e querer sempre mais, a outra é passar necessidade, desejar cultura e não ter, quantas pessoas quando trabalhava com recrutamento não tinham nem o dinheiro da passagem?

Para finalizar falarei também sobre o tópico "morte", esse concordei com o autor em diversos trechos. Primeiro porque ele já fala de cara que tem medo dela também, não é um assunto bacana, ainda mais para um senhor de exatos 76 anos, pai de 4 filhos e com um histórico de ter vencido a doença maldita: vulgo câncer. Citando vários trechos da Bíblia ele nos apresenta também frases reais de pessoas  famosas, como por exemplo : Woody Allen que disse "Não é que eu tenho medo da morte, eu só não quero estar lá quando isso acontecer". Nesse caso eu sou diferente em uma questão, eu morro de medo de avião, então vocês devem pensar que meu medo imenso é de morrer, mas o maior medo que tenho e desde que me lembre é o de perder pessoas que amo. Sofri muito quando uma tia e meus avós se foram....isso é outra coisa que ele cita para nos provar que não aceitamos a morte, não é comum falarmos "morreu", muitos se referem às pessoas queridas como "passou dessa para melhor", "descansou"...é o que queremos acreditar, porque as saudades aqui são imensas.

O AUTOR E O PRESIDENTE AMERICANO DONALD TRUMP

Sinceramente, por mais que após ter pesquisado sobre o autor e ter achado ele a família fofinhos, ele é americano e não vive nossa realidade né, essa crise, essa pobreza toda...então talvez o que ele fale seja de coração, porque preocupação atual de americano é aborto liberado ou não e refugiados. A nossa aqui é o que será da gente? Dá medo sim, mas isso daria mais um livro, não é mesmo?