Menina que via Filmes: Lion [Crítica]

Título Original: Lion
Título no Brasil : Lion - de volta para casa
Baseado na obra de Saroo Brierly
Data de lançamento 16 de fevereiro de 2017 (1h 58min)
Direção: Garth Davis
Elenco: Dev Patel, Rooney Mara, Nicole Kidman mais
Gêneros Biografia, Drama, Aventura
Nacionalidades Eua, Austrália, Reino unido
#44assistido #45criticado

 O que se julga em uma história real? Não entendo muito como os críticos especializados querem que se mude o final, as cenas, se tudo é baseado em um livro escrito pelo próprio protagonista. Uma biografia sim, Saroo Brierly é um indiano criado na Austrália, uma família lhe adotou tirando da extrema pobreza que vivia, mas não foi somente isso, a história tem muito mais e por isso foi transformada em livro e consequentemente nesse filme maravilhoso que me tirou algumas lágrimas.

Saroo ( na infância vivido pelo menino extraordinário Sunny Pawar) trabalha com seu irmão mais velho Guddu, todos os dias o menino que aparenta ter 5 ou 6 anos vai até uma estação de trem, espera ele passar, sobe nos vagões e rouba um punhado de carvão para revender. Não é trabalho para criança, aliás trabalho algum foi feito para crianças. Mas a mãe solteira e  analfabeta.  com 3 filhos - Saroo é o do meio -  precisa da ajuda deles para que tomem ao menos leite, artigo de luxo na humilde casa onde moram.

O que irá acontecer com Saroo é sabido desde o trailer e da capa do livro, ele vai acabar se perdendo do irmão, as cenas em que grita o nome dele são um misto de fofinhas com desesepero, já que descobrimos que um trem o levará para outra cidade e que na Índia cada local fala um dialeto diferente. O menino tem dificuldade até mesmo para pedir ajuda, e isso é horrível. Na busca por um lugar o pequeno vai nos mostrar o como o seu país é tão ou mais pobre que o nosso, com muitas crianças dormindo nas estações e nas ruas.

 E seu caminho será de incertezas e de confusão ao falar para os policiais de uma cidade que não existe. Quando lhe perguntam o nome de sua mãe ele só responde: "Mãe!" É isso que ele sabe, pouco conhece o caminho de casa pois era sempre guiado pelo mais velho.

Ao parar em um abrigo para menores órfãos ele vai acabar sendo adotado por uma família australiana, a mãe Sue ( Nicole Kidman, que também concorreu ao Oscar por sua atuação) o receberá com muita alegria ao lado do marido John ( David Wenham). Claro que a vida dele na Tasmânia será rica, sem lhe faltar nada e aos poucos ele vai se adaptando com o modo de vida local e até esquecendo de falar seu idioma de origem.

 No entanto, uma coisa acontece para que vejamos que adoção não é somente um mar de rosas, o casal adotará um ano após a chegada de Saroo - eles não mudarão seu nome- um outro menino, visivelmente diferente do irmão ele vai ter surtos, bater na cabeça e assustar a todos, a família o amará e ficará com ele mesmo assim, mas a vida de Saroo não será  a mesma.

Quando adulto vemos Dev Patel em ótimo momento assumir o cargo de Saroo, ele carrega nas costas o peso de um irmão que só lhe causa problemas e desgosto a seus pais, por mais que o casal nunca mencione nada disso. Bom aluno ele vai cursar uma faculdade de Hotelaria e conhecer Lucy ( Rooney Mara) com quem manterá um romance. 

Saroo irá descobrir através de seus outros amigos descentes de indianos ou imigrantes que lembra de algumas coisas daquela época e com isso ter vontade de ir atrás de sua família, com delicadeza para que não magoe seus pais, mas o que mais impressiona no filme talvez sejam as falas de Sue, uma mulher forte que adotou porque achava que já tinha gente demais no mundo precisando de ajuda, e mesmo podendo engravidar não quis. Também é dela a força que vemos de não falar mal de nenhum filho e de não se arrepender de nada que tenha feito.

Quando Saroo vai atrás de sua família e a acha é tão emocionante que se ouve fungados na sala de exibição.

Saroo de verdade, e os atores que o interpretam.

 Ao mostrar o Saroo de verdade e suas famílias também temos aquela identificação imediata com a realidade.

É um filme lindo, real e que merecia ter levado um Oscar para casa, uma pena que a Academia tenha optado por premiar filmes fracos sobre preconceito.

Saroo por ser indiano também sofre preconceito, mas a Academia não deve saber disso...