Título no Brasil: Vacas
Autora: Dawn O´Porter
Editora Harper Collins Brasil
Tradução: Marina Schnoor
Número de págs: 349
#154
O título pode parecer estranho, mas acredito que com ele a autora já consiga dar uma prévia do que virá com essa leitura. Eu mesma imaginava algumas coisas mas não da forma que viria, e foi uma leitura perturbadora e que me fez parar para pensar em muitos trechos do livro.
Aqui nessas quase 350 páginas somos apresentadas a 3 mulheres, todas à primeira vista diferentes mas ao mesmo tempo as ligando por terem o mesmo gênero. A primeira delas é Tara, aos 36 anos ela teve uma noite de sexo e engravidou de um cara, por opção dela teve a filha e hoje é rotulada de mãe solteira. Aos 42 anos ela se desdobra em dar atenção à sua filha e ao trabalho intenso em uma produtora. A autora nos mostra o como a internet pode ser usada para o bem e para o mal nessa história, Tara já passa diariamente pelas fofocas das mães casadas que se acham melhores do que ela e tecem comentários maldosos, mas ainda há o que piorar quando lhe filmarem fazendo algo que a colocará ainda mais na boca do povo. A vida parece um 7 a 1 diário quando se é mulher, certo?
Também entraremos no mundo de Cam, uma blogueira que é super famosa e que fala muito sobre o feminismo em seu conteúdo, frequentemente a moça - de 36 anos- é julgada porque não tem filhos e muito menos é casada, que sociedade babaca, não? Quem nunca passou por isso tendo mais de 30 anos e não sendo casada? Ou casando e sendo cobrada de porque mesmo ainda não temos um filho? Nossa, eu odeio tanto isso!
Stella fecha o trio, é a mais nova e assistente de fotografia, ela descobrirá que tem uma doença genérica que faz com que suas chances de morrer de câncer como outras mulheres de sua família já faleceram, é alta. Ela então tem nas mãos a difícil decisão de tirar os ovários, mas com isso ela que nunca pensou em ter filho se indaga se de fato nunca vai querer engravidar mesmo, afinal após a cirurgia não poderá mesmo ter filhos biológicos, o que fazer agora?
As 3 mulheres vão ter suas vidas interligadas mas o principal aqui é entender porque ser mulher é tão mais difícil na sociedade que vivemos? E com tantos avanços não era mesmo para termos deixado os preconceitos e o machismo para trás?
Durante a leitura paramos para pensar se de fato não julgamos outras mulheres e nos falta sororidade, o que é isso? É quando há uma lei por exemplo no metrô do Rio de Janeiro dizendo que não é permitido homens transitarem no período com vários cartazes e adesivos rosa, mas eles entram e quando uma mulher os informa e é agredida verbalmente todas olham para o teto, ninguém a defende.
Também é quando vemos que algo envolvendo abuso aconteceu com outra mulher e comentamos mesmo que em nossas cabeças que ela pediu por isso por causa da roupa que vestia ou de como estava seu nível de álcool no organismo.
Não serei hipócrita, eu já fiz e me pego fazendo isso diversas vezes, porque acabamos nos acostumando com um mundo onde a vítima tem que dar explicações, o homem é o que está sentindo seus instintos. Para nós tudo é feio e inadequado, para eles tudo é garantia de aplausos.
Certamente o que fazem com Tara é o que mais me incomodou, é cruel, é sem limites e é ainda mais surreal que outras mulheres aplaudam ( não colocarei aqui o que acontece para que não estrague o prazer da descoberta na leitura!).
Somos julgadas e avaliadas pela forma com que vivemos, e nem nos damos conta disso. Fiquei impressionada com a escrita da autora que ainda não conhecia e que achei muito bem elaborada.
Que mais livros assim surjam no mercado e nos façam pensar no que somos, no que queremos e no que nos faz feliz. Sem julgarmos outras mulheres, sem agirmos da forma com que os outros esperam da gente.
Sobre a autora
Dawn O´Porter é britânica, nascia na Escócia e tem hoje 38 anos. Casada com Chris O´Dowd um ator irlandês desde 2012, o casal tem 2 filhos e vivem em Los Angeles atualmente.
A história do livro tem um pouco de sua vida já que sua mãe morreu aos 36 anos quando ela tinha apenas 7, a autora foi criada junto com sua irmã por uma tia.
Famosa por defender causas nobres ela já apresentou programas de grande audiência da BBC e um de seus documentários sobre câncer de mama foi muito elogiado, ela mesma aparece fazendo o exame do toque na produção.
Vacas resenhado acima é seu 8º livro, os outros vocês podem conhecer as capas e nomes abaixo e infelizmente ainda não foram traduzidos e lançados no Brasil, mas a gente espera que a Harper Collins faça isso em breve!
Ual que livro é esse Raffa!
ResponderExcluirNunca tinha ouvido flar acredita?
Gostei do enredo e gostei mais ainda pq faz com que o leitor reflita.
Qro!
Bjs!
Olá! Não conhecia a autora, nem o livro, mas gostei bastante do enredo, trás um tema forte e super atual que vale muito ser refletido, infelizmente o julgamento é o que mais acontece, eu mesma já estive dos dois lados da moeda. E o que falar dessa capa simplesmente maravilhosa.
ResponderExcluirParece muito bom!!! Quero ler!!!
ResponderExcluirEu adoro o Chris O´Dowd, mas não sabia que a esposa era escritora, pensei que era jornalista ou algo do tipo.
Quero ler já!
Beijos :)
Oi Raffa...
ResponderExcluirAdorei a premissa do livro... Confesso que pelo título não consegui imaginar exatamente do tema que seria abordado... Adoro livros que nos fazem refletir sobre determinadas situações, e Vacas com certeza é um livro assim... Adorei a dica do livro e quero ler com certeza...
Beijinhos...