sábado, 23 de dezembro de 2017

[Resenha] Sobrevivendo Entre Lobos @univdoslivros

Título Original: Nakt Under Wolfen
Título no Brasil: Sobrevivendo entre lobos
Autor: Bruno Apitz
Editora Universo dos Livros
Número de págs: 443
#180













Certa vez ouvi alguém perguntar se as histórias sobre o nazismo e a Segunda Guerra nunca teriam fim, se nunca publicações inéditas viriam à tona. Nem me lembro se a conversa era de fato comigo mas o que gostaria de lembrar é que milhões de famílias foram afetadas, foram anos e anos de muitos países sofrendo com as ideias do tirano Adolf Hitler, muitas famílias dizimadas, muitas histórias que ainda precisam ser contadas. Sobrevivendo entre Lobos é uma peça importante assim como todas essas histórias para revivermos e nunca mais cometermos os mesmos erros. Faz parte de uma  cultura da lembrança e a contabilidade do passado na Alemanha pós-guerra; especialmente no que se refere à execução de comunistas e poloneses pelo regime nazista. Tem uma linha de tempo e personagens fictícios, mas ainda assim, o livro baseado em uma história verdadeira e escrito por um autor que foi confinado no campo de concentração de Buchenwald por aproximadamente oito anos é uma história importante desse cenário.  

A história do livro é  a de uma criança que vem para Buchenwald em um transporte de Auschwitz ( o famoso campo de concentração) em uma bagagem, transportada e protegida por um  prisioneiro. Ele conseguiu mantê-lo escondido dos nazistas . fora isso os demais presos também se recusaram a delatarem à criança aos guardas porque sabiam que eles o matariam.
Por essa razão eles colocam suas próprias vidas e a vida de muitos outros em risco, para defender a criança. 
Ao descrever a história  o autor conseguiu uma maneira extremamente interessante de prender o leitor que entre o medo do que virá e a vontade de ler a última página se vê preso querendo saber de casa detalhe.
 Ao ler livros sobre campos de concentração, o leitor imediatamente imagina o sofrimento, o extermínio e o trauma humano de uma maneira muito violenta - em outras palavras - uma abordagem muito emocional. Apitz, no entanto, descreve suas experiências, envolvidas na história da criança e seus protetores, para ser extremamente racional e não emocional. Para ele, a racionalidade era usada para exterminar as pessoas, especialmente através da burocracia, da disciplina e da ordem.
Tudo no campo, desde a distribuição de alimentos até o assassinato, ocorreu apenas através de um sistema de burocracia altamente elaborado, no qual cada detalhe foi rigorosamente documentado. Para manter este sistema funcionando, os nazistas usaram prisioneiros para o trabalho servil,  onde eles tiveram que categorizar todos os pertences confiscados de outros prisioneiros e depois enviá-los para o local determinado. Na história, os prisioneiros puderam, ao trabalhar neste sistema burocrático, descobrir como ele opera e, portanto, foram capazes de usar os "pontos cegos" no sistema para a proteção da criança. Eles estavam sempre um passo à frente dos guardas da  SS - o que, claro, não os salvou de abusos arbitrários e extremamente violentos.
Este é também exatamente o ponto em que a principal questão moral do romance está oculta: o que é mais importante? Salvar um filho inocente ou manter a vida de muitos? Claro, nenhum prisioneiro é salvo em um campo de concentração. Mas esconder uma criança dos guardas da SS definitivamente coloca muitas vidas em grande risco.
 Emocionante e lotado de trechos marcantes o livro foi transformado em filme que pretendo assistir em breve. 

5 comentários:

  1. Olá !
    Assim como você, acredita que há ainda muitas histórias para serem escritas e contadas sobre o nazismo.
    Apesar de ser uma leitura pesada e tenho certeza que tensa, fiquei interessada no livro.

    Esse com certeza vai para os desejados 2018!!

    Bjus

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  2. Lendo a resenha já deu um aperto no coração! Quero ler, mas sinto que não conseguiria :/
    Beijos ^_^

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    1. Leia, vale muito a pena.o livro é muito equilibrado, pois a tensão é dividida com alguns trechos de humor negro

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  3. O tipo de leitura não me agradaria, triste, mas a história de um vencedor com certeza, uma vez assisti a um documentário sobre o campo de concentração e o porque de Deus permiti é muito interessante (caso queira assistir, procure no youtube por Onde Estava Deus em Auschwitz?) pela resenha me lembrou de A menina que roubava livros, que foi um livro que tive resistência em ler, mas no fim consegui e me surpreendi! ótima resenha. Bjs!

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  4. Olá...
    Não sabia da existência do livro ou do filme... Creio que essa temática de Nazismo e 2ª Guerra Mundial sempre vai existir e sempre vai mexer com nosso emocional... Afinal foi uma época devastadora... Não sei se vou ter a oportunidade de ler o livro, mas com certeza vou assistir ao filme...
    Beijinhos...

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