Menina que via Filmes: Tully [Crítica]

Título Original: Tully
Título no Brasil: Tully
Data de lançamento 24 de maio de 2018 (1h 36min)
Direção: Jason Reitman
Elenco: Charlize Theron, Mackenzie Davis, Ron Livingston mais
Gêneros Drama, Comédia

Nacionalidade EUA
#73

por Raffa Fustagno

Desde que assisti ao trailer eu queria muito ver esse filme. Infelizmente no dia da cabine de imprensa não me senti muito bem e acabei perdendo. Assim que retornei da viagem fui correndo assistir e não me arrependi, que filme maravilhoso!

Primeiro porque Tully trata da maternidade sem toda aquela história de ser perfeita, de que ser mãe é divino e que estar grávida é uma grande benção. Certamente quem acha tudo isso devem ser os homens.

Marlo ( Charlize Theron, para ser aplaudida de pé) trabalha em Recursos Humanos mas já está em seu último mês de gestação, demora para fazer as coisas por causa do peso da barriga, e vive cansada, tem mais 2 filhos, o do meio, Jonah ( Asher Milles) tem sido chamado atenção na escola por ser peculiar, ainda que se pareça com um autista pelas reações ele não foi diagnosticado sendo um, então isso dificulta a vida de seus pais em lidar com suas mudanças de humor e suas reações nada comuns a mudanças de rotina. A mãe além de quase não aguentar o próprio corpo ainda precisa lidar com um filho que pede mais atenção do que a filha mais velha mas entende que ela sendo criança também precisa de limites e de carinho. Para esse último fator quase não sobra tempo, na verdade o filme inteiro ela tenta cuidar deles e do bebê que chega, seu marido Drew ( Ron Livingston) trabalha muito  e quando está em casa come e sobe para jogar videogame, em nenhum momento ele oferece ajuda, pelo menos não que me lembre.

A única pessoa que parece perceber que Marlo não é mais a mesma é seu irmão ( Mark Duplass), podre de rico ele quer pagar uma babá noturna para que a irmã possa ter noites de sono, incrível que um irmão tenha mais visão que o marido, mas isso é explicado no filme como algo caro, portanto o marido que é classe média não teria grana para pagar, enquanto o irmão que também tem 3 filhos e uma esposa que parece saída de um desfile da Victoria´s Secret tem dinheiro de sobra para presenteá-la com isso.

A princípio ela acha um absurdo, mas depois ela acaba aceitando, vemos no filme exatamente como uma mãe se sente, com dores para parir, exausta de dolorida após o parto, com dificuldades com o próprio corpo - note que são mostrados ela usando cinta, ela não conseguindo urinar e ela com dor para amamentar a bombear o leite para saquinhos que serão congelados- a impressão real de que o homem fica com a melhor parte: fazer o filho e nem sequer trocar uma fralda dele.

Dentro dessa realidade ela cede, e é aí que entra em cena Tully ( Mackenzie Davis) uma jovem de 26 anos - Marlo tem 42 anos - que será a babá noturna, mas o incrível da presença dela na casa é que seu método consiste em cuidar não somente do bebê mas da mãe. 

Tully muda a vida de Marlo e as 2 tem um elo forte, tão imenso que tem uma cena que quis ir embora do cinema, meus pais que estavam comigo não permitiram, sabe aquilo que mais odeio? Mas calma, não façam como eu, não vou dar spoiler, aguentem até o final para entender melhor todo o universo de Tully e Marlo.

Saí do cinema impressionada com a sutileza do roteiro de Diablo Cody, que filme incrível, assistam.