[Resenha] Tudo o que eu sempre quis dizer, mas só consegui escrevendo @planetalivrosBR

Título Original: Tudo o que eu sempre quis dizer mas só consegui escrevendo
Autora: Maria Ribeiro
Editora: Planeta de Livros Brasil
Número de págs: 301
Ano: 2018
#60

Recentemente a atriz Maria Ribeiro foi muito comentada porque gravou um vídeo onde falava dos traumas da família real britânica em sua vida, nele ela dizia que a mãe a colocou para ver o casamento de Diana com Charles e com isso ela se decepcionou muito quando soube que ele a traía e que aquilo tudo não era um amor de verdade. Basicamente era esse o recado que ela deixava. Diferente de 99 por cento das pessoas que viram seu vídeo e debocharam eu entendi o que ela quis dizer, ainda que hoje em tempos de internet as pessoas tenham a mania de fazerem graça e debocharem de tudo, porque não falar mal de uma atriz famosa que é privilegiada perante muitos e que está falando mal da família real, afinal, que brasileiro tem coragem de falar mal daquela gente linda?

Pois é, eu também não bati palmas para o casamento, e muito menos acho que Monarquia ainda deveria existir. Concordo em um nível diferente que o casamento de Charles e Diana nos marcou sim, nesse país que endeusa uma família real que não é a sua, mas que viu uma mulher muito mais bonita ser traída por um homem que está vivo para viver com a mulher que era amante e que a titular morreu em um acidente. Puta mundo injusto esse, mas nos fez perceber que eu não endeuso aquela família  e não entendo porque em tempos de tantas lutas por igualdade eu deva achar que alguém tem sangue azul - sério isso? - e mereça ser tratado melhor, aliás os tais súditos são quem pagam as contas deles que só servem de enfeite. Fecha parênteses.

Voltando ao livro de Maria, vi muitos comentários negativos de que ela era ridícula por escrever coisas que deveria ter dito e estar usando gente famosa para vender livro. Vamos lá, se ela não fosse famosa e não andasse rodeada de pessoas famosas a gente nem se interessaria pelo livro, não é mesmo?

Imagina se eu hoje lançar na Amazon cartas a ex chefes, ex namorados...alguém vai querer ler? Ok, talvez vocês que me acompanham e seguem o blog, talvez eu tenha 100 livros vendidos, mas Maria anda rodeada de pessoas muitos famosas, ela por si só já é famosa, então claro que o livro é curioso, mas vale a pena lê-lo?

À primeira vista na minha visão de anônima, vale sim. Primeiro porque Maria já começa falando de Gregório Duvivier, um cara que eu tenho pavor por questão política. Mas ela o viu várias vezes, já trabalhou com ele e o cara é tipo seu crush, ainda que esteja longe de ser um galã. Para uma mulher que foi casada com 2 homens muito famosos com quem tem filhos, gostar de Gregório é insano. Mas ela o admira e continua sonhando com o dia que flertarão a sós, nem que tenham 80 e ela 90, a diferença de idade deles.

A cada carta, com mensagens bobas ou não, a gente descobre  o quão nos parecemos com uma artista, a gente assim como ela não fala para as pessoas que conhecemos tudo que pensamos. Assim ela o faz.

Maria que já foi casada com o ator Paulo Betti e com o também ator Caio Blat, hoje em dia namora Fábio Assunção. Alguma dúvida de que as pessoas se interessam por sua vida? Eu mesma passei o sábado a lendo, reconhecendo cada personagem de suas cartas, pessoas que acompanhamos a carreira, como Bruna Marquezine, Paula Lavigne, José Padilha...são muitos.

Tem uma para Eliane Giardini, a ex esposa de seu ex marido, Paulo Betti. Eu como sempre odiei quando eles se separaram porque esses casais antigos da tv a gente quer ver juntos para sempre, e machistas que somos culpamos a menina nova que os separou, nesse caso Maria ,nesse caso e em todos os outros eu não tinha nada a ver com isso, mas a gente se mete mesmo assim.

Maria sabia da imponência de Giardini, uma atriz fantástica e um mulher linda. Quem não ficaria "do lado" dela? A vida é infelizmente lotada de separações, os famosos também a sofrem.

Se o livro não te interessar por essa resenha e você achar que nada irá lhe acrescentar, tudo bem. Temos que aprender a conviver com pessoas que pensam diferente, a a internet está cada vez menos tolerante a isso.
Uma carta que me identifiquei muito foi a que ela escreveu para atriz Winora Ryder, a atriz americana que ficou anos no ostracismo por  ter sido pega roubando um acessório em uma loja de departamentos mas que voltou com muito sucesso ao seriado da Netflix Stranger Things. Winona era aquela amiga distante, que não é nossa amiga mas que vimos tantos filmes e amávamos ela formando um casal com Johnny Depp que lamentamos muito quando isso aconteceu e a queríamos de volta o quanto antes. 

E tudo bem se você "não vai com a cara dela", eu também tenho ranço de alguns artistas que nunca me fizeram nada, é o caso do Gregório, não assisto filmes, não vou a peças dele e toda vez que o encontro em livrarias eu finjo que não o vi, como se isso fosse fazer alguma diferença na vida dele. O que ele me fez? Nada. Uma declaração política super diferente do que penso me causou o ranço e isso é como doença incurável, difícil de tratar.

Voltando ao livro, é fácil gostar de algumas cartas, e também é bem capaz que pense que umas estão lá para encher a quantidade de páginas pedidas pelo editor, mas mesmo assim fazem sentido à autora, devem e estão lá.

A cada carta a gente descobre um pouco mais da atriz, da mãe de 2 filhos, da mulher divorciada, da carioca que sabe os privilégios que tem. É apenas um livro, mal não faz, e acabei a leitura em um dia, recomendo sim, se você é curioso e ama vida real assim como eu.