Menina que via filmes: A aparição [Crítica] Festival Varilux

Título original:  
L'Apparition
Título no Brasil: A aparição
Direção: Xavier Giannoli
Elenco: Vincent Lindon, Galatea Bellugi, Patrick d'Assumçao mais
Gênero Drama

Nacionalidade França
#95

por Raffa Fustagno

Alguns atores franceses me fazem comprar o ingresso do cinema assim que são anunciados seus filmes, é o caso do sempre maravilhoso Vincent Lindon. Um dos filmes mais comentados do Festival Varilux por tratar do tema de religião, A Aparição é um dos poucos filmes que assisti até o momento presentes no festival e que dei nota máxima, porque ele de fato merece ser visto.

Para início de conversa o tema é sempre atual e se tem algo que impressiona é a atuação de Lindon.

Jacques ( Lindon) é um repórter especialista em cobrir guerras e muito cético, ele acaba de perder um grande amigo em uma reportagem e ainda está se curando de uma dor no ouvido causada por estilhaços de uma bala. Quando recebe uma chamada do Vaticano, curioso ele vai sem entender porque eles se interessariam nele. Jacques então descobre que eles querem que ele faça parte de uma comissão que investiga se é real que uma moça chamada Anna ( Galatea Beluggi, em uma atuação fantástica) de apenas 18 anos viu de fato a Virgem Maria. Os rumores de que ela viu e de que é uma freira especial são espalhados de uma forma que a Igreja Católica não mais consegue conter, várias pessoas viajam para vê-la e muitos itens são vendidos com  rosto da moça que vive rodeada de freiras e padres que acreditam em sua história e alguns se beneficiam disso para angariar fiéis.

Acontece que ao conviver com Anna, Jacques perceberá um outro lado da fé, ele se envolverá com a história dela ainda que duvide de muitas coisas que ela apresenta como sendo verdades, e aos poucos vamos sabendo que ela esconde algo de todos e para o espectador e mesmo para ele somente será revelado ao final.

O filme é polêmico ao mostrar que mesmo padres que deveriam ser pessoas neutras à cobiça, se rendem ao que a aparição para Anna pode gerar de bens para a Igreja, tanto que de início se recusam a cooperar com as investigações do Vaticano.

Recentemente em Cannes onde o filme foi exibido, o ator respondeu à uma entrevista do Omelete que: “O cinema se torna político sempre que ele flagra o abuso contra a sociedade. A militância partidária virou religião e a fé virou uma convenção política. Mas é preciso enxergar o que existe de mais humano nessa fé”

Isso diz muito sobre Lindon ter aceito o papel, seu personagem é desconfiado mas ao mesmo tempo só quer a verdade sem se aproveitar disso, ao entender o que Anna deseja e como age ele se revolta contra  a Igreja e não contra Anna e seu segredo, até porque o entende e aceita a decisão dela, o que é claramente apresentado na cena final.

O filme tem mais de 2 horas e pode parecer longo para os que não gostam de longas com detalhes, esse é um filme para se prestar atenção e entender que a fé por mais que seja errado em nossos pensamentos, é um grande negócio e há em todas as religiões quem tire proveito disso.

Mais do que recomendo essa história de fé e de devoção, aqui vemos os 2 lados da moeda, que roteiro sensacional.

Já conferiu todas as críticas do Festival Varilux? Clica no link para conferir:

• Custódia 
• Carnívoras

• O Amante Duplo
• 50 São os Novos 30

• O Poder de Diane

*notas acima referentes às minhas críticas dos filmes