[Resenha] Os Imortalistas @HarperCollinsBR

Título Original: The Imortalists
Título no Brasil: Os Imortalistas
Autora: Chloe Benjamin
Editora Harper Collins Brasil
Tradução de Santiago Nazarian
#120




por Raffa Fustagno

E se você soubesse o dia exato da sua morte? Lembrei logo daquela música antiga de Paulinho Moska onde ele dizia: "Meu amor, o que você faria, se só te restasse um dia?"

Esse livro tem esse mote, e é incrível como só sobre ler sobre isso já mexe automaticamente com a gente.

Em Os Imortalistas , de Chloe Benjamin, ela assume essa premissa e a transforma em uma linda  saga familiar, abrangendo gerações e décadas, todas ligadas a um evento aparentemente pequeno em 1969: uma visita a uma cartomante.

As crianças são 4 irmãos: Varya, 13; Daniel, 11; Klara, 9; e Simon, 7 - que obviamente ficam ouriçados com a possibilidade de conhecerem  uma mulher que  recém chegou à cidade e pode dizer a data exata em que você vai morrer quem não ficaria? Por várias vezes amigas minhas foram a cartomantes eu eu nunca quis ir, sempre com medo de que a mulher ( ou homem) revelasse o dia exato da morte de meus pais, pois é, do meu não tenho tanto medo.  Enfim, as crianças deixam a curiosidade falar mais alto e a visitam sabendo assim a data exata de cada um para morrer, elas de fato não contaram nem mesmo um às outras, mas é claro que isso serpa um episódio que lhes mudará toda a vida.

Como cada irmão lida com a data de sua morte é algo que eu adoraria discutir, mas eu não soltarei nenhum spoiler, meu intuito é que vocês façam essa leitura com a caixa de surpresas que também foi para mim.  

A verdade é que saber a data do dia de sua morte faz com que mudem sim coisas que fariam naturalmente, como se quisessem tardar ou evitar a previsão da cartomante. Klara e Simon se mudam de Nova York para São Francisco para começar uma nova vida; Daniel fica obcecado por grana; Varya começa a pensar que, se ela vive de uma certa maneira, ela não só pode salvar-se da desgraça, mas ela pode salvar seus irmãos também. Pairam dúvida sobre suas cabeças e para o leitor só resta se perguntar se de fato a previsão se cumprirá. 

Uma coisa bacana que achei da escrita da autora é a importância da família, demonstrada de várias formas. 

Há a culpa que cada uma das crianças que se transformaram em adultos sente por ter visitado a cartomante; os irmãos mais velhos para trazer os mais novos, os mais jovens por terem ido, por permitir que as palavras da mulher penetrassem em todos os cantos de suas vidas. O par mais novo de irmãos é mais sensível, e as previsões os afetam em um nível incomparável ao par mais velho; eles se lançam em suas vidas, fazendo o que parece ser uma tentativa de superar a morte, enquanto os dois mais velhos vivem o que parecem ser vidas normais no meio da estrada.

A edição da Harper está linda, com capa dura e páginas muito bem diagramadas, vale muito a leitura.

* Fotos tiradas pelo Gabriel Baleroni no Parque Lage no Rio de Janeiro

*Exemplar recebido em parceria com A Harper Collins Brasil.