#16
por Cecilia Mouta
Assunto de Família é o filme Japonês representante do país no Oscar 2019. Com direção de Hirokazu Koreeda, conhecido por filmes de temática familiar, logo na primeira cena percebemos que essa não é uma família tradicional: um adulto, Osamu (Lily Frankly), e uma criança, Shota (Jyo Kairi), organizados, roubando coisas do supermercado. Na volta pra casa, avistam uma menininha sozinha dentro de uma casa e decidem levá-la também. Os episódios de roubo continuam e a pequena Yuri começa a fazer parte daquela realidade, cada vez mais entrosada.
Na casa em que vivem, pequena e bagunçada, conhecemos a avó Hatsue (Kirin Kiki), a neta Aki (Mayu Matsuoka) e a “mãe” Nobuyo (Sakura Ando). À medida que acompanhamos essa família na sua rotina, conseguindo se entender nesse jeito disfuncional, vamos percebendo que ali há muitos segredos por debaixo dos panos, e um desses segredos nos surpreende no final.
O filme tem um ritmo todo particular. Durante muito tempo acompanhamos a família em sua rotina, o que nos possibilita conhecermos melhor cada personagem: a avó, as netas, os filhos, o agregado. E de forma muito sutil, Koreeda vai introduzindo nos hábitos, já estranhos dos personagens, mais estranhezas. E são essas estranhezas que despertam a curiosidade do espectador. Às vezes num diálogo, num gesto, numa imagem. A naturalidade como todos lidam com essas questões, choca ainda mais. Assunto de Família é um filme que choca pela sutileza, pela banalidade com que os personagens lidam com a vida e com seus crimes.
Com um roteiro minimalista, sem grandes atos ou cenas de forte teor dramático, a história nos envolve e, algumas vezes, nos cansa. Pois é, o filme é longo para a história que conta. Mas traz um importante questionamento, mesmo que com uma abordagem mais “radical” e errática, sobre o que é ser família. Em como os laços sanguíneos não são requisitos para o amor e o companheirismo entre pessoas. O filme mostra que família é mais um sentimento, que podemos ter com outras pessoas. E como estranhos podem se tornar pessoas mais acolhedoras do que os próprios familiares de sangue. Para um país conhecido por fortes tradições, abordar um assunto que tira a importância dos laços sanguíneos eu achei bem ousado.
Talvez não seja um filme à altura do Oscar, uma premiação que coloca em cima dos longas metragens muita expectativa, mas com certeza é um bom filme para quem gosta de dramas familiares.
Confira a crítica de Raffa Fustagno em vídeo:
Fiquei bem curiosa para assistir, ainda mais por ser um produção oriental, não costumo assistir muitos filmes, mas no mundo dos animes eu dou uma boa passeada kkkk
ResponderExcluirCecília!
ResponderExcluirO que achei mais interessante é ver uma família japonesa ser tão diferente, porque lá é tudo tão certinho, não é?
Gostei da temática de família não ser apenas os laços consanguíneos.
cheirnhos
Rudy
Acho que vale a pena conferir.😊
ResponderExcluirSou fascinada por filmes de outras culturas e fico até meio impressionada com os filmes indianos e japoneses. São de uma qualidade impressionante e ironicamente, ignorados por aqui né?rs
ResponderExcluirEstou de olho neste super lançamento, até por ele ser o grande ganhador do Palma de Ouro.E como amo um bom drama familiar, já me identifiquei com a história.
Realmente não estamos acostumados a ver pobreza no Japão, é bem o contrário. Mas elos familiares vão muito além disso, até na parte dos pequenos delitos.
Com toda a certeza do mundo, verei!!!
Beijo