Menina que via Filmes: Turma da Mônica - Laços [Crítica]

Título Original: Turma da Mônica – Laços

Direção: Daniel Rezende

Roteiro: Thiago Dottori

Distribuição: Paris Filmes e Downtown Filmes

Elenco: Paulo Vilhena, Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo, Gabriel Moreira, Rodrigo Santoro, Mônica Iozzi

Baseado na obra de Mauricio de Sousa
#175

por Larissa Rumiantzeff

O melhor live action do ano é brasileiro. 

Antes que vocês me matem, deixem-me explicar. Aladdin foi ótimo, adorei as músicas. O Rei Leão definitivamente está na minha lista. Mas em ambos os casos, trata-se de histórias que já conhecemos. Pode haver um elemento ou outro de novidade aqui, uma música nova ali, mas não é algo inédito. Tal qual uma adaptação de um livro, o interessante é saber o que foi mudado e como encontraram saídas alternativas (pelo menos pra mim, tem gente que implica com muitas alterações. 

“Turma da Mônica – Laços” é uma produção da Maurício de Souza Produções, e isso fica bem claro. A gente sempre quer que o nosso bebê seja representado da melhor forma possível. O filme também é uma adaptação, da HQ homônima assinada por Vitor e Lu Cafaggi, um projeto de releitura dos próprios gibis, com um traço diferente.

Em “Turma da Mônica – Laços” também temos o elemento de nostalgia que leva tantas pessoas ao cinema para ver filmes da Disney mesmo depois de tantos anos. Não conheço uma pessoa brasileira que não tenha crescido com os gibis da Turma da Mônica. Pode não ter sido um leitor ávido, do tipo que deixa os amigos de lado pra ler a coleção deles de gibis, mas com certeza conhece o trabalho de Maurício de Souza. Graças a ele, temos um parque temático com os personagens que habitam a infância de tantas pessoas. 

Por isso, eu tinha muito medo. Por mais que eu soubesse que é um filme voltado para o público infantil, vai dizer isso para a Larissa de 6, 7, até 10 anos! Ao mesmo tempo que eu ansiava por ir assistir na primeira fila, e usar minha sobrinha como desculpa (ihih) parte de mim temia que o roteiro fosse muito bobo, como um livro que a gente gosta muito na infância, mas que ao crescer percebemos que não era bem aquilo. 

Por sorte, “Laços” não foi nada disso, aliás, superou as minhas expectativas. Eu me emocionei ao ver o cuidado com que uma produção nacional foi tratada, do roteiro à escalação dos atores e à trilha sonora. Tem até participações especiais, reconhecíveis e quase irreconhecíveis.

Apesar de a turma ser da Mônica, Laços parece uma história saída da revistinha do Cebolinha. As ilustrações nos créditos iniciais são “dele”, ao fazer planos infalíveis. Também é dele o problema principal e é ele que muda ao longo da narrativa. 

Após mais um plano do Cebolinha para ser o dono da Rua do Limoeiro dar errado e render umas merecidas coelhadas, a turma se reúne quando o Floquinho é roubado. Isso acontece já nas primeiras cenas, dando muito tempo para o desenvolvimento da narrativa. Preocupados com o sumiço do Floquinho e com o Cebolinha, que está deprimido, Mônica, Magali e Cascão mostram que são amigos de verdade e se unem a ele nessa busca. As crianças procuram por todo o bairro e até encontram pistas, porém, são ignorados pelos adultos. Assim, decidem assumir o risco e vão sozinhos atrás do bandido, que se assemelha a um homem do saco. 

Assistir a “Laços” foi uma delícia. O problema é escrever essa resenha, porque não consigo encontrar defeitos. 

A produção conta com atores novatos e veteranos conhecidos do público. Apesar da pouca idade, um dos atores mirins já tinha experiência. Kevin Vecchiato, que interpreta o Cebolinha, já havia atuado na novela “Cúmplices de um resgate” e no musical “Vamp”. Os demais, como Giulia Benite, Laura Rauseo e Gabriel Moreira, não ficam atrás em termos de profissionalismo. 

A escalação da turminha foi perfeita. A sensação era de que eles tinham sido colocados numa impressora 3D e saíram aquelas crianças fofas (bem diferentes dos bonecos do parque da Mônica, aliás). Entre os destaques, há ainda a atuação de Fafá Rennó que rouba a cena com a doçura da Dona Cebola. Há ainda outros atores iniciantes entre personagens da turminha. 

Entre os nomes conhecidos, o filme conta com as atuações de Paulo Vilhena, e Mônica Iozzi. Mas o verdadeiro destaque aqui é o Louco de Rodrigo Santoro. 

Quem é Johnny Depp na fila do pão perto do Rodrigo Santoro de peruca e prótese de nariz fazendo papel do Louco? Eu quase não o reconheci, de verdade. Aliás, o personagem que tanto perturba o Cebolinha nos quadrinhos nem estava presente na HQ Laços, mas Santoro foi praticamente intimado a fazer parte do projeto. Melhor para os fãs, que poderão ver de perto um dos seus melhores papéis. 

O diretor Daniel Rezende tem uma ficha extensa como editor de filmes aclamados pela crítica e pelo público. Pra vocês terem ideia, ele está por trás de “Cidade de Deus”, “O ano que meus pais saíram de férias”, “Tropa de Elite” e “Diários de Motocicleta”. Seu trabalho mais recente como diretor foi em “Bingo, o rei das manhãs”.  

O filme é repleto de Easter Eggs, então se liga! Para os fãs da turma da Mônica, vale a pena assistir mais de uma vez, para encontrar o máximo de elementos possível. 

“Laços” é simples, mas não é bobo. É um filme lindo, com enquadramentos perfeitos, atuações belíssimas e adequado para toda a família. Eu com certeza pretendo assistir mais de uma vez (talvez duas ou três). E talvez até leve a minha sobrinha. 

Cabine de imprensa à convite da distribuidora

*Nossos colunistas são voluntários, os textos assinados por eles são originais de suas autorias.

Confira  a crítica em vídeo da Raffa Fustagno