por Michelle Fraga
Les Filles du Soleil (título original) foi produzido em 2018 e dirigido por Eva Husson. Ele é catalogado na França como um filme de ação e drama de guerra, e sim, a maior parte do filme se trata exatamente disso. Mas nas entrelinhas muitas mensagens são passadas para o expectador.
De um lado temos a perspectiva de Bahar, uma mulher curda que lidera um exército de mulheres que lutam furtivamente pela liberdade. Elas são extremamente fortes, extremamente focadas e ao mesmo tempo extremamente solidárias umas com as outras. Há uma passagem no filme em que elas perdem muitas irmãs (é assim que elas se tratam) durante um ataque e Bahar fala: “lutar já é uma vitória. Eles tentaram nos matar com o medo, mas pra cada irmã assassinada nasce uma guerreira”.
Do outro lado temos a perspectiva de Mathilde, uma fotógrafa francesa, esposa de um repórter de guerra que morreu na explosão de uma mina e que decide ir para o campo de batalha registrar através de sua lente todas as atrocidades de uma guerra infinita que é totalmente desconhecida pelo resto do mundo. Mathilde admira Bahar e seu exército de mulheres e enquanto as acompanha nessa jornada vai refletindo sobre sua própria vida. Mathilde não se acha tão corajosa quanto às soldadas curdas, ela vê a bravura dessas mulheres e se sente covarde por não pegar numa arma. É Bahar quem ajuda Mathilde a compreender que existem diversos tipos de coragem e que não é necessário pegar em armas para guerrear, que a arma dela é outra.
É em meio à guerra, explosões e perdas que nasce uma amizade genuína entre duas mulheres que, a primeira vista, não têm nada em comum.
O roteiro é muito sensível. Apesar de abordar temas muito chocantes como tráfico de mulheres, estupro, rapto de crianças para formação de um exército bomba, ainda assim, traz tudo isso às telas sob a visão de uma mulher, mãe, esposa, que apesar de ter perdido tudo, não perde seu desejo por justiça.
Bom, como todo filme francês esse também termina com um final em aberto, entretanto o final é muito bonito, sensível, há um que quê esperança no ar, sem deixar de lado o fato de que a guerra ainda é contínua em diversos países do Oriente Médio.
Uma coisa que eu também gostaria de ressaltar é que, como sou professora de francês, a legendagem brasileira está muito boa, muito fiel ao que está sendo dito em francês, mesmo quando é preciso fazer adaptações de palavras por não haver um equivalente em português. Para os que sabem falar francês ou estão aprendendo, as atrizes Emmanuelle Bercot (que interpreta a Mathilde) e Golshifteh Farahani (que interpreta a Bahar) falam de uma forma mais pausada, com uma dicção muito boa de compreender.Eu dou 5 estrelas para Les Filles du Soleil, é um filme muito forte, muito impactante e ao mesmo tempo muito bonito. Vale a pena assistir!!!
E término essa resenha com um pedido: prestigiem o cinema francês. Os distribuidores precisam do feedback do público para continuar trazendo essas obras primas para o Brasil.
Espero que tenham gostado.
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*Cabine à convite da distribuidora
O filme já tinha sido criticado no festival Varilux pela Raffa Fustagno.
Esses dias tem rolado bastante temas fortes por aqui em, Raffa postou sobre o livro "Eu sei pq o pássaro canta na gaiola" e agora esse filme!! Mesmo com um tema forte desse, muito importante as mulheres protagonistas de suas próprias histórias!!
ResponderExcluirAndo virando fã de cinema de outros países. Argentino, espanhol, coreano e francês. É preciso sair da bolha e sim, abrir a mente e o coração a outros trabalhos e por tudo que li acima, trabalhos maravilhosos!
ResponderExcluirIsso de trazer todo este horror na visão de uma mulher, ou de muitas mulheres que apesar de suas perdas e vidas, precisam acima de tudo lutarem umas pelas outras, é fascinante e só a crítica já me ganhou!
Adorei saber também da fidelidade na tradução(pois convenhamos, há legendas que só por Deus..rs mudam todo o enredo)
Verei com toda a certeza do mundo!!!
Beijo
Olá! ♡ Preciso assistir esse filme urgente!
ResponderExcluirQuero muito conhecer Bahar e as irmãs, é inspirador ver tantas mulheres unidas lutando por liberdade. E que frase mais incrível foi essa de Bahar?! Fiquei até arrepiada com a grande profundidade e verdade dessas palavras.
Mathilde também parece uma personagem inspiradora, por através de sua lente, querer mostrar ao mundo a existência dessa guerra e as atrocidades da mesma.
De fato, o roteiro aborda muitos temas fortes, mas que precisam ser trabalhados.
Muito obrigada pela indicação! Beijos! ♡
Oiii ❤ Que trama! Esse parece um filme maravilhoso, que traz ótimas reflexões.
ResponderExcluirEsse exército de mulheres liderado por Bahar parece incrível, deve ser muito bonito ver a união entre essas mulheres, que elas são muito mais que companheiras de guerra. Confesso que estou ansiosa pelas cenas que elas interagem.
Mathilde também parece uma personagem incrível, vou adorar ver um laço de amizade surgir entre ela e Bahar.
Gostei que o filme trabalha temas importantes, que precisam receber sua devida atenção.
Eu com certeza quero assistir essa obra maravilhosa.
Beijos ❤