[Resenha] Areia Movediça @intrinseca

Título Original: Storst Ava Allt

Título no Brasil: Areia Movediça

Autora: Malin Persson Giolito

Tradução: Alexandre Raposo

Editora Intrínseca

#39

Eu fiquei muito impressionada com Areia Movediça porque maratonei a série  fiquei pensando nela e em tudo que assisti antes de gravar o vídeo que está no Canal falando de tudo isso. Quando vi que a Intrínseca lançou o livro eu simplesmente não conseguia pensar em outra coisa...senão de que precisava lê-lo e saber se era tão bom quanto, a verdade é que amo ler o livro e depois assistir as produções, mas nesse caso minha curiosidade bateu mais alto e acabei maratonando a série que está no Netflix para ler somente agora uma obra que é tão intensa quanto. Se você não sabe nada sobre  a história, sugiro que leia o livro ou assista a série, é bem capaz de eu acabar soltando um spoiler por causa da minha empolgação. 

A primeira página é apenas uma página, seguida de um título que poderia ser um livro leve, já que se chama A Sala de Aula, mas não se engane, basta uma página, frente sem verso para termos a informação que precisamos de quem narra, uma garota, o que ela nos conta é que todos ali estão mortos, menos ela, que nem sequer tem um arranhão. Forte e ao mesmo tempo extremamente parecido com a realidade de tantos massacres em escolas, a autora Malin Persson Giolito não nos poupa de detalhes, chega a ser didática, para que a gente perceba que há algo por trás da narração, claro há mortes, e uma sobrevivente, mas não apenas isso, existe uma história por trás de tudo aquilo, e precisamos estar atentos para não deixar passar nenhum detalhe.

Maja Norberg é uma adolescente rica, namora um dos caras mais populares da escola, tem uma família estruturada, diferente da do namorado Sebastian, que é muito rico mas lhe falta amor. Temos também outros importantes personagens: Amanda, a melhor amiga e Samir, também amigo. Dois deles estão mortos, Maja será presa, e durante o período em que ela tenta se lembrar o que de fato aconteceu naquele local, vamos descobrindo a identidade de cada um, não o número de um RG, mas o que há por trás de cada sorriso bobo, e qual a verdade da protagonista. A opinião pública  a odeia, algumas pessoas a veem como vilã, outras acham que ela é boa e que alguma coisa fez com que ela de alguma forma participasse de tudo aquilo.

É parecido com o seriado? Muito. Com certeza é uma das melhores adaptações que assisti, está tudo ali, certamente apontar dedos, querer cadeira elétrica é o que boa parte pensaria, a autora foge disso, ela relata a Suécia, seu país e onde passa, como um país racista, ela não culpa nem quem tem culpa, mas sabe de uma forma brilhante demonstrar quais são as responsabilidades dos adultos com seus filhos que vão muito além de pagar os boletos de seus filhos. De um lado temos um pai que mal olha para cara do filho, de outro um casal que finge não ver que apesar do namorado de sua filha ser tudo de ruim tudo é perdoado porque afinal ele é rico, e isso é a maior das qualidades, certo? Obviamente que errado, mas inexiste um cuidado com esses adolescentes e os pais erram feio de maneiras diferentes. 

O livro é muito detalhado, não faltam informações para entendermos o cenário com que a autora nos insere, as melhores cenas lidas são as do tribunal, há uma culpada, mas até quanto ela é culpada por ter sobrevivido? Qual a real história por trás dos tiros ouvidos?

Em nenhum momento o livro fica chato, entender a cabeça da Maja e ir descobrindo com ela o que aconteceu conforme sua memória vai voltando, é tudo tão real no jeito como a autora nos descreve que pesquisei novamente se não era real, porque ela tem profundo conhecimento de causa, é impressionante.

Leiam, assistam e voltem aqui para eu saber se gostaram.