quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Menina que via Filmes: Depois do Casamento [Crítica]



Título Original:  After The Wedding
Título no Brasil: Depois do Casamento
Data de lançamento 19 de setembro de 2019 (1h 50min)
Direção: Bart Freundlich
Elenco: Michelle Williams, Julianne Moore, Billy Crudup mais
Gênero Drama
Nacionalidade EUA
por Larissa Rumiantzeff


Pode conter revelações do enredo

Quando eu vi os nomes Julianne Moore e Michelle Williams nos créditos desse filme, minha expectativa foi no espaço. Eu ainda não sabia do que se tratava, nem que era um remake do aclamado filme dinamarquês de Susanne Bier, indicado ao Oscar de 2007. 
Esta versão, escrita e dirigida por Bart Freundlich, tem algumas diferenças do original. Por exemplo, o gênero do papel dos protagonistas foi trocado, de forma a focar no feminino, e com isso outras alterações foram feitas para torná-lo verossímil. 
Depois do casamento”, cujo título só aparece nos créditos finais, conta a história de duas mulheres, Isabel e Theresa. Para quem não viu o original, as duas parecem não ter nada em comum a princípio. As cenas iniciais marcam bem a diferença socio econômica entre as personagens. Isabel é professora e sócia de um orfanato  à beira da falência em uma cidade da Índia. Theresa é uma mulher de negócios, mãe de três filhos, que está às voltas com o casamento da sua filha mais velha. Com a promessa de uma doação generosa para o orfanato, Isabel viaja para Nova York, onde precisa se encontrar com Theresa, a fim de convencê-la a doar a quantia. Theresa a convida para o casamento da filha, uma atitude no mínimo estranha para alguém que se acabou de conhecer. 

Isabel, acostumada à vida precária na Índia, fica chocada diante do estilo de vida de Theresa, desde a decoração da sua casa à comida oferecida no casamento. Sua falta de costume à vida na cidade é marcada pela forma como prefere andar descalça, e usa roupas simples, confeccionadas artesanalmente. 
No casamento em questão, Isabel se dá conta que Theresa, o marido e a filha mais velha têm uma ligação inesperada com seu passado. E que, talvez, não tenha sido escolhida por acaso para a doação. 
Durante o filme, eu, que não havia visto o original, achei que se tratasse de um suspense, devido à trilha sonora e às cenas iniciais. A impressão aumentou devido às caras e bocas da Michelle Williams. Juro que pensei que se tratasse de uma versão cinematográfica da novela “A favorita”, do João Emanuel Carneiro. No bom sentido, devido à rivalidade das duas mulheres. 
“Depois do casamento” prende o espectador do início ao fim, mas não é um drama tipo Nicholas Sparks. Teve apenas uma cena que eu me emocionei mais. Não sei dizer ainda se foi intencional, se a ideia era focar na história e não na manipulação emocional. O foco do drama ali era a motivação de Theresa para as suas ações. De fato, o que mexeu comigo, mais do que uma cena de melodrama, foi a veracidade e a consistência. 

Este é o segundo remake de Julianne Moore em 2019. O primeiro, “Gloria”, eu mesma resenhei neste site. 
Para quem não sabe,  o roteirista e diretor Bart Freundlich e Julianne Moore estão juntos desde 1996, e a atriz já colaborou em vários de seus filmes. Talvez por isso, tenha sido a escolha -acertada-  para uma das protagonistas, e fez juz ao papel (surpresa 0 aí). O que eu gosto na Julianne Moore é que ela sabe dosar o quanto de drama colocar na atuação, de forma que nunca fica exagerada. Aqui, a atriz foi bem comedida. A única cena em que Theresa perde a compostura foi a cena em que eu chorei. 
A atuação das protagonistas é sempre notável, Michelle Williams é minha preferida desde Dawson´s Creek, e não decepciona. Mas a atuação da Abby Quinn como Gracie foi a revelação pra mim. Coincidentemente, ela estará no remake de “Adoráveis Mulheres” com Florence Pugh (da resenha de Midsommar). Ela também tem participações em Better Call Saul e Black Mirror. Por último, mas não menos importante, tem o ator Billy Crudup, no papel de Oscar, marido de Theresa e pai de Gracie. Ele não é muito marcante ao longo do filme, mas as cenas entre Oscar e Gracie lhe deram chance de mostrar serviço. 
O remake recebeu duras críticas ao roteiro. Contudo, eu achei extremamente positiva essa inversão de gêneros, pois deu a mulheres acima dos 30 anos uma complexidade rara nessa indústria. Além disso, o remake possibilitou cenas de mulheres em cena, falando sobre assuntos que não fossem homens. Ponto no teste de Bechdel, meninas. 
Gostei também para a solução do roteirista/ diretor para tornar plausível uma situação no mínimo improvável. 
Eu diria que “Depois do casamento” é um drama familiar sobre figuras maternas. Não possui gatilhos visíveis, mas pode afetar um pouco mais quem tenha uma questão com a própria família. É aquele filme que dá vontade de ligar para a mãe e saber se ela está bem. 
Eu recomendo. 

Observação: O teste de Bechdel é um teste desenvolvido por Alison Bechdel para determinar se um filme é feminista. Para passar no teste é preciso que a história tenha duas ou mais mulheres em uma ou mais cenas falando sobre assuntos que não sejam homens. Ou seja, um teste para mostrar se a mulher tem um papel complexo ou é apenas um acessório para o personagem masculino.

Cabine à convite da distribuidora
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3 comentários:

  1. Ligar para a mãe e saber se ela está bem!!! Puxa, primeira crítica que leio deste filme, que admito,só tinha visto a "capa". Eu adoro dramas familiares,mas preciso ir atrás do original, não me recordo de jeito nenhum se já vi ou não.
    Mas adorei saber que nesta nova versão, há duas mulheres(e que mulheres) desenvolvendo algo que antes era somente visto pelo ponto masculino da questão.
    Com toda a certeza do mundo, assim que for possível, já vou me aventurar!
    Beijo

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  2. Não sabia sobre esse filme, nem o remake e nem o original, mas fiquei bem curiosa para assistir e esse seria interessante ver os dois para comparar essa mudança de gênero nos personagens!!

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  3. Larissa!
    Não assisti o original ainda, mas depois dessa bela avaliação sua, fiquei interessadaa em assistir ambos, também porque amo Julianne Moore e Michelle Williams.
    Sem contar que os dramas familiares são aqueles que trazem os melhores filmes, já quero.
    cheirinhos
    Rudy

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