Título Original: Joker
Título no Brasil: Coringa
Data de lançamento: 3 de Outubro de 2019
Duração: 2h e 1min
Direção: Todd Phillips
Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Frances Conroy, Brett Cullen e Zazie Beetz
País: EUA
Ano: 2019
Gênero: Drama
#205
por Bernardo Freitas
Apresentando uma visão excepcional de um personagem que já foi representado várias vezes no cinema, Coringa apresenta um dos vilões mais famosos dos quadrinhos em seu primeiro filme solo, que consegue ser tão bem desenvolvido por Joaquin Phoenix, quanto as representações impecáveis e eternizadas de Heath Ledger e Jack Nicholson.
O longa acompanha a vida de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), um aspirante a comediante que tem alguns problemas mentais. Desde pequeno, sua mãe, Penny Fleck (Frances Conroy), o convenceu de que ele veio ao mundo para trazer felicidade para as pessoas. Desde então, ele tem o objetivo de finalmente realizar esse desejo, e fazer com que as pessoas riam de suas piadas. Ao longo do filme, vamos acompanhando alguns de seus problemas mentais, como sua risada patológica e seus instintos violentos, que mais tarde, viriam a serem explicados como resultado de um trauma na infância.
Quando finalmente percebemos que o filme não se trata de uma adaptação de quadrinhos com o intuito de introduzir um mocinho e um vilão, o bem ou mal ou o certo e o errado, e sim uma adaptação humana de um personagem, percebemos que Coringa não é sobre um vilão de um universo de super-heróis, e sim um homem que poderia muito bem estar vivendo entre nós nesse exato momento. Arthur Fleck é uma vítima da violência, uma vítima da sociedade e uma vítima do estado. Negligenciado desde sua infância, ridicularizado por todos que cruzam seu caminho durante toda sua vida, e tendo seus direitos como um cidadão retirados dele, percebemos o quão próximo estamos da vida de Arthur Fleck.
Na cidade de Gotham em que ele vive, a violência aumenta cada dia mais, o governo corta as verbas da saúde pública, e Thomas Wayne, um bilionário que está concorrendo ao posto de novo governador e promete trazer mudanças necessárias para a cidade. Tendo a comédia como sua única válvula de escape, ele passa boa parte do seu tempo assistindo um talk show, estrelado por Murray Franklin (Robert De Niro), sua maior inspiração, e a maior influência para seu declínio.
A dedicação e o esforço de Joaquin Phoenix em seu papel é notável desde o início do filme. Desde a perda de peso, a representação da sua risada patológica agoniante, os surtos de violência, e o resquício de humanidade do personagem. Uma performance impressionante e acima de tudo, a mais humana, de um dos vilões mais famosos do cinema e dos quadrinhos. Os demais atores também entregam desempenhos espetaculares, tais como o de Robert De Niro e Frances Conroy. A parte técnica não fica pra trás, e acaba sendo essencial para atmosfera do filme. Desde a direção dos atores, a fotografia e a trilha sonora, todas muito bem elaboradas e equilibradas para obterem o desejado: um filme sobre o drama de um aspirante a comédia lidando com seus problemas mentais. Não temos o CGI nem a fotografia comercial da maioria dos filmes de adaptações de quadrinhos, e é justamente isso que torna Coringa tão único.
Portanto, o filme é para ser visto sem a expectativa de um universo maior de super-heróis e vilões, e isso é sua maior qualidade. Coringa é um filme comum que não deve ser associado a nenhum outro. É a triste história de um homem que sofreu durante toda sua vida, e que passa a descontar seu sofrimento através de mais violência. É um triste retrato de uma sociedade não tão distinta da nossa. Assim como a desigualdade social que vivemos é real é cruel, a de Gotham também. O filme não se propõe a ser uma obra de mera ficção, e sim um recorte de uma sociedade arruinada e desgastada pelo sistema. Infelizmente, vários Arthur Fleck existem na sociedade em que vivemos, e essa própria sociedade acaba sendo responsável pela sua vida e suas atitudes. Coringa é a representação mais humana do vilão dos quadrinhos, e uma ótima representação de como uma sociedade pode falhar com um cidadão. É definitivamente um dos melhores filmes do ano.
Confira a crítica da Raffa Fustagno em vídeo
Quando saiu a notícia desse filme, eu nem liguei, são poucos os filmes ligados aos quadrinhos e heróis que eu assisti, e o mundo de Gotham nunca me chamou muita atenção, mas esse filme está recebendo muitos elogios e lendo essa crítica agora fiquei bem curiosa de assistir!!
ResponderExcluirUm dos grandes lançamentos da vez mesmo não sendo assim, um universo que eu ame de paixão, não vejo a hora de poder conferir este filme!
ResponderExcluirAmo o trabalho do Joaquin e por toda a divulgação que foi feita antes do filme, ele encarnou demais o personagem, aliás, deu a entender que ele é o personagem!
Verei com toda a certeza do mundo!
Beijo
Bruno!
ResponderExcluirVi que o filme tem indicação para 16 anos e não é para menos, concorda? Afinal aborda a questão do desequilíbrio psíquico vivido pela personagem desde sua infância e que culmina em toda sua maldade.
Inclusive vi hoje alguns casos fora do Brasil que estão acontecendo, porque o filme trouxe o estopim do mau caráter das pessoas.
Quero assistir.
cheirinhos
Rudy
Olá! ♡ Essa é a melhor crítica que li sobre esse filme, gostei dos questionamentos que você trouxe, pois de fato, vivemos em uma sociedade muito próxima da relatada no filme, uma sociedade violenta, cheia de desigualdades, que frequentemente falha com seus cidadãos, que os ridiculariza, tira seus direitos. É triste, é cruel, é assustador, mas é real.
ResponderExcluirConfesso que eu nunca fui fã do Coringa, mas esse filme chamou demais minha atenção, pois como você disse ele não se trata do que é errado ou certo, de heróis ou vilões, mas sim representa a humanidade do personagem.
Joaquin Phoenix parece ter feito um trabalho impecável, que necessitou de fato muito esforço e dedicação. A construção do personagem parece incrível.
Depois de ler a postagem, quero muito conferir esse filme, que de fato, parece ser um dos melhores do ano!
Beijos! ♡
Oiii ❤ Só tenho visto elogios sobre esse filme e sobre a atuação de Joaquin Phoenix, que parece estar impecável. O autor parece ter feito perfeitamente jus ao personagem.
ResponderExcluirDeve ser interessante acompanhar como Arthur vai se tornando o Coringa. De como o sistema, as injustiças e o desprezo o levam a se tornar o palhaço.
Gostei que não se trata de bem ou mal, herói ou vilão, mas sim de homem exposto à várias injustiças que se tornou o resultado delas.
Estou muito curiosa sobre esse filme.
Beijos ❤