[Resenha] No Jardim do Ogro

Título Original: Dans le jardin de l´ogre

Título no Brasil: No Jardim do Ogro

Autora: Leila Slimani

Editora Planeta de livros Brasil

Selo Tusquets

Tradução de Gisela Bergonzoni

Nº de págs: 185

#59

O livro Canção de Ninar da autora Leila Slimani fez um imenso sucesso no mundo inteiro. Ainda não o li, mas criei grandes expectativas para esse livro por ter sido escrito pela mesma autora. E minha relação com essa história foi um tanto quanto incômoda, pratiquei o tempo inteiro a tentativa de não julgar a protagonista por causa de sua doença, colocada de forma brilhante pela autora que nos faz ter empatia com o que percebemos que ela vive.

Adéle tem 25 anos, é francesa, jornalista, casada com Richard e tem um filho fofo. Eles são tipicamente a família feliz à primeira vista, mas nas primeiras páginas já reparamos que ela sofre de uma fixação por sexo. Por mais que possamos pensar que seu marido deve estar feliz com isso, se engana quem pensa que com ele a protagonista se sente satisfeita, na verdade ela sente prazer com homens variados, ainda que os ache feios, mas tem tesão ao saber que eles a desejam, então tudo que ela faz desde a hora em que ela acorda até o momento de ir atrás de suas prendas é procurar por sexo, apenas uma vez, com esses estranhos e conhecidos, não tendo nem controle no próprio ambiente de trabalho.

Para quem me acompanha, sabe que tenho pavor de traições, e mesmo que ela seja ninfomaníaca, me irritou boa parte da obra ver o quanto ela mentia para o marido que era incrível com ela.

Conforme as páginas vão passando, a autora nos faz ver que ela também está sofrendo muito com essa situação e que não gostaria de sentir nada disso. Mas ela não tem controle e ao não procurar ajuda, somente no intuito de saciar sua vontade incontrolável, ela machuca as pessoas ao redor, principalmente Richard que não somente mais à frente saberá o que sua esposa faz, ele também sofrerá um acidente, coitado desse marido.

Ao esposo cabe o papel maior de vítima, do que lhe tenta agradar, sem saber que nunca conseguirá, ao filho o de coadjuvante, ainda que o coloque na cama, sua maior preocupação no dia não é o bem estar da criança, é o de sucumbir aos seus desejos, o de se achar mais atraente que suas amigas ou conhecidas e a de seduzir seus maridos. 

Não há limites para o que ela sente, para onde vai fazer o que quer, ou com quem...talvez seja um spoiler dizer, mas no final temos uma visão de que o que ela é hoje já poderia ter sido notado quando criança? Para um tratamento? Ou seria precoce achar que já se percebe que uma criança possa ter indícios de que será maníaca por sexo sem limites, sem critérios...não fica claro.

A autora nos incomoda, nos faz julgar, nos faz querer ajudar...extremamente bem inscrito, a autora já ganhou uma fã, ao abordar um terreno que me enoja, o da traição, mas ao me fazer ver que nem tudo são somente puladas de cerca, há a doença...e com ela vem a compaixão.

Leiam, mais do que eu falar será estragar os acertos e o incômodo do texto.