quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Menina que via Filmes: Doutor Sono [Crítica]


Título da obra original: Doctor Sleep
Título no Brasil: Doutor Sono
Autor da obra original: Stephen King
Roteiro e Direção : Mike Flanagan
Distribuidora: Warner Bros. 
Elenco: Ewan McGregor, Rebecca Ferguson, Kyliegh Curran, Cliff Curtis, Carl Lumbly, Zahn McClarnon, Emily Alyn Lind, Bruce Greenwood, Carel Struycken, Jacob Tremblay, Alex Essoe, Jocelin Donahue, Catherine Parker, Robert Longstreet, Nicholas Pryor, Violet McGraw, Henry Thomas, Zackary Momoh
Data de lançamento no Brasil: 7 de novembro de 2019
#223
por Larissa Rumiantzeff


Pode conter revelações sobre o enredo de “O Iluminado” e “Doutor Sono”.
Nesta continuação de “O iluminado”, o menino Danny Torrance ganha uma protegida, mas é a iluminada Abra Stone quem tem muito a lhe ensinar.
“Doutor Sono” é uma continuação do filme de terror de 1977, “O Iluminado”. Assim como a sua predecessora, “Doutor Sono” é um filme baseado na obra do rei do suspense, Stephen King, escrita em 2013. Porém, enquanto “O iluminado” é adaptado, roteirizado e dirigido por Stanley Kubrick, a adaptação deste ficou por conta de Mike Flanagan. Vale notar que eu não li nenhuma das versões, portanto, minha opinião aqui não será entre livro e filme. Contudo, havia lido que esta versão seria mais fiel à obra do autor. 
Para quem viu o filme há muito tempo, mas não se lembra de muita coisa ou não entendeu o final, não se preocupe. “Doutor Sono” dá uma breve explicação sobre os acontecimentos e a relevância deles para este enredo. 

Em 1980, Danny Torrance vive com sua mãe, na Flórida. Ele ainda sofre com os acontecimentos do hotel Overlook e tem flashbacks frequentes. Os espíritos do hotel também não parecem estar muito dispostos a esquecê-lo, e sempre aparecem para fazer uma visitinha. Inclusive seu amigo e mentor, Dick Halloran, que o ensina a lidar com as visitas indesejadas. 
Enquanto isso, o grupo de quase imortais Verdadeiro Nó, liderado por Rosie, se alimenta do vapor emanado durante a tortura e a morte de iluminados. Isso gera uma onda de crianças desaparecidas pelo país. Eles contam com o trabalho de Rose Cartola, que encontra os iluminados usando projeção astral, do papai Corvo, seu parceiro, e da mais nova recruta, a Cascavel, uma garota com carinha de anjo, iluminação e o poder de aliciar pessoas e convencê-las a fazer qualquer coisa que ela desejar. 
Em 2011, Danny Torrance se tornou Dan, um alcoólatra raivoso na faixa dos trinta anos, que usa a bebida para escapar de seus demônios e sufocar seu dom e suas lembranças. Ele acaba decidindo refazer sua vida em Frazier, New Hampshire. Com a ajuda de um novo amigo, larga a bebida e arruma dois empregos. Um deles, em uma clínica de cuidados paliativos, onde, com o auxílio de um gato, ele ajuda os pacientes a fazerem a passagem para a morte. Isso lhe rende o apelido de Doutor Sono. 
Abra é uma menina de cinco anos que possui a “iluminação”, o dom da paranormalidade e do contato com o mundo sobrenatural. Seu nível de iluminação é assombroso, muito maior do que o de Danny Torrance, além de ter muito mais ciência e domínio de suas habilidades. Ela mantém contato com Danny através de mensagens na parede.  
Com o tempo, a quantidade de iluminados fica cada vez mais escassa, e a existência do Verdadeiro Nó é ameaçada. Quando eles torturam um menino local, Abra, agora uma adolescente taxada de esquisita, inadvertidamente testemunha o acontecido, e tenta usar seus dons contra os assassinos. O problema é que isso a coloca no radar de Rose. E agora Dan precisará retomar o contato com seu dom para ajudar a menina, assumindo o papel que Halloran teve para ele no passado. 
A principal diferença entre o original e a continuação, além do tempo entre os livros, é o grau de fidelidade à obra de Stephen King. Como eu coloquei acima, “O Iluminado” foi adaptado por Stanley Kubrick, que imprimiu a sua marca na obra e a descaracterizou, o que enfureceu o autor e até agradou ao público, entusiasmado com o final diferente. A continuação é bem mais fiel ao livro, o que, para mim, teve mais prós do que contras. 
A escolha do elenco foi impecável. Para resolver o problema da idade dos personagens e pela impossibilidade de escalar os mesmos atores, foram escalados outros bem parecidos com os originais. Ewan Mc Gregor convence como a versão mais velha de Danny Torrance, em todos seus estados.
 A atriz Kyliegh Curran, que deu vida à Abra Stone, deve ser iluminada mesmo. A escalação da jovem atriz para o papel foi uma surpresa bem-vinda, já que não havia indicação da etnia da menina no livro. Pela naturalidade da sua atuação, eu jurava que ela tinha outros filmes na bagagem, nem que fosse uma participação em Disney Channel. Jamais imaginaria que ela era estreante, trabalhando de igual para igual com atores como Ewan McGregor e Rebecca Ferguson, a Rose Cartola. Outra atriz digna de nota foi Emily Alyn Lind no papel da Andi Cascavel, a iluminada do time do Verdadeiro Nó. Já a atriz Alex Essoe foi incumbida de dar vida a Wendy Torrance, uma responsabilidade enorme desde Shelley Duvall. Por sorte, apesar de não ter muita semelhança com a atriz, Alex já tem experiência em filmes do gênero. 
Por falar em surpresa agradável, a participação especial do ator Jacob Tremblay foi curta até demais, mas marcou presença. 
Para os fãs do filme de 1977, Mike Flanagan deixou pequenas surpresas e referências aqui e ali, sem se limitar ao saudosismo e sem anular a sua assinatura. 
Como ocorre em adaptações cinematográficas, existe um risco muito grande de desagradar pelo menos metade do público. Eu, particularmente, gostei muito das escolhas do Mike Flanagan como roteirista e como diretor, e admiro o respeito que ele teve pela obra do Stephen King, que inclusive expressou aprovação pelo trabalho. Com a fidelidade, existe uma previsibilidade maior para quem já leu o livro, o que pode desagradar a alguns. Por outro lado, o resultado ficou mais claro, ficaram menos pontas soltas, menos foi deixado para a interpretação. 
Eu entendo que isso é algo que EU admiro. Eu sou fã da obra de Stephen King, e tenho nervoso de adaptações cinematográficas que desrespeitam a obra original. Nem sempre ele acerta nos finais, mas este fez sentido e me agradou. Mesmo assim, é possível gostar de ambos os filmes, de perspectivas diferentes. 
Não senti muito medo, mas fiquei presa na tela o tempo inteiro. Eram poucas as cenas mais fortes, e elas me deram mais nojo e agonia do que qualquer coisa. 
Recomendo este filme para fãs do gênero, leitores das obras do mestre do suspense, para quem já está familiarizado com a obra dele. Deu vontade de ler os dois livros. 

Confiram o trailer





Confiram a crítica em vídeo com spoilers da Raffa Fustagno

3 comentários:

  1. Larissa!
    Li e assisti O iluminado, mas Doutor sonno, nem li nem assisti o filme, mas quero muito, porque além de amar King, gosto desse lance meio apranormal e o elenco está de arrasar, né?
    cheirinhos
    Rudy

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  2. Não vejo a hora de poder ver este lançamento!!! Mas antes de tudo, preciso rever O Iluminado. Faz séculos que o vi e minha memória não é lá essas coisas.
    Mas oh, adaptação de obras do Mestre King é sempre assim mesmo, metade vai meter o pau literalmente, criticando severamente e a outra metade, composta por fãs(como nós) vai amar!rs
    Verei com certeza!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  3. As pessoas amam tanto o Stephen King e eu até hoje só assisti À espera dedum milagre e Carrie, a estranha (as 3 versões, o que deve contar de alguma coisa kkkkk) eu tenho curiosidade de ver por tanto q comentam, mas por ser terror me afasta um pouco...

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