Menina que via Filmes: Ford Vs Ferrari [Crítica]

Titulo Original: Ford vs. Ferrari

Data de lançamento 14 de novembro de 2019 (2h 33min)

Direção: James Mangold

Elenco: Matt Damon, Christian Bale, Caitriona Balfe mais 

Gêneros: Biografia, Drama

Nacionalidade: EUA

Por Gabriela Leão

Caroll Shelby é um piloto de corrida aposentado, trabalhando como designer de carros, que mantém uma amizade improvável com Ken Miles, mecânico e também piloto, um dos melhores, que tem dificuldades em alcançar sucesso devido à sua personalidade forte. Quando Henry Ford II decide por participar das corridas automobilisticas com carros da Ford Motor Company, é Shelby, junto de Miles e o resto de sua equipe, quem chama para construir o novo veículo, tendo como principal objetivo derrotar a Ferrari nas 24 horas de Le Mans.

Baseado em fatos reais, o longa traz uma narrativa envolvente e divertida, que prende até o final. É bem amarrada, criando círculos que se fecham, e inteligente quanto a apresentar detalhes que serão utilizados depois. Muito do conflito vem do comportamento bastante peculiar de Ken Miles, e Christian Bale mais uma vez mostrou sua capacidade incrível para atuação, trazendo maneirismos, uma forma de andar, todo um jeito estranho de ser de Miles. Matt Damon não fica muito para trás, apesar de representar um personagem bem menos caricato, e, como resultado, o relacionamento dos dois ficou bem construído e maravilhoso de assistir. As interações dos personagens, nem só dos dois principais, já vale o filme.

Temos dois polos, o primeiro está em Shelby e sua equipe na construção do carro, bem como Miles e sua família. Aqui a narrativa corre em torno dos relacionamentos pessoais e as dificuldades pelas quais cada um dos personagens está passando no dado momento de vida. Foi meu aspecto favorito da trama, apesar de estranho, ou talvez por causa disso, o personagem de Ken Miles é maravilhoso, e sua família é apaixonante. O longa traz bastante a relação do piloto com o filho, Peter, e a paixão que ambos dividem pelos carros e as corridas. Já na parte de Henry Ford II e seus funcionários está o enfoque na competição, a necessidade de superar a Ferrrari a qualquer custo, e os desafios causados pelas burocracias de uma enorme fabricante, que se impõe no processo criativo e dá poder decisório aos menos informados ou qualificados, só por estarem na alta hierarquia da Ford. Interessante aqui são personagens secundários muito bem apresentados, que conseguimos compreender com facilidade quem são, mesmo que não tomem tanto tempo de tela assim, e um mero sorriso por vezes diz muito.  

Não acompanho corridas de carros, nunca tive o hábito, mas em Ford vs. Ferrari fiquei de tal forma absorvida pelo universo, que as corridas da trama se tornaram importantíssimas. E emocionantes, pela forma que foram filmadas, assistí-las em uma sala de cinema imax foi uma experiência à parte. Na tela gigantesca e com o som localizado, seguir os carros daquela forma, me deu vontade de assistir (uma parte) as próximas 24 horas de Le Mans. Mas, acho que não será a mesma emoção. Ainda, as competições foram utilizadas em uma ótima medida, o filme não se apoia unicamente nelas para criar tensão, tendo desenvolvido outros aspectos da história. As corridas apenas pontuam as viradas da trama, sem roubar a cena.

A trilha sonora não é das mais marcantes, mas boa o suficiente para ter chamado minha atenção, auxiliando para estabelecer o tom do produto. Todos os aspectos do longa foram executados com qualidade, no roteiro, produção e pós-produção, ao menos na minha visão de leiga em relação as tecnicidades não ligadas ao roteiro. O resultado final é um filme divertido, pelos personagens, emocionante, pelo que vivem, e com adrenalina, graças as corridas de carro. Ou seja, pacote completo, um pouco de tudo que agrada a todos. Ford vs. Ferrari vale a ida ao cinema, acompanhar esses trajetos na telona.