quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Sobre o Cabíria Festival....

O Cabíria Festival - Mulheres & Audiovisual é uma expansão do prêmio de roteiros de mesmo nome que existe desde 2015, incentivando a valorização de textos com protagonistas femininas inspiradoras, bem como o trabalho de roteiristas mulheres. Entre os dias 22 e 26 de novembro de 2019, foi realizada a primeira edição do festival, possibilitada por diversas parcerias, e o auxílio de mais de 300 apoiadores em uma campanha de financiamento coletivo. Dividido em três espaços; a Cinematca do MAM, a Cinemaison Rio, e a Casa Rui Barbosa, o Cabíria Festival trouxe uma boa variedade de eventos, passando por mostras de filmes, palestras, masterclasses e oficinas, com convidadas incríveis. 

Pelo azar do festival ter coincidido com as datas da Ler - Salão Carioca do Livro, não deu para ver tudo, mas saí com uma excelente sensação do festival e de sua proposta. Foram muitos filmes produzidos por mulheres, e muitas mulheres no palco dividindo seus trabalhos, tudo com uma organização incrível para um festival completamente gratuito. Fora todo o espaço criado para atrair a atenção do público ao trabalho das mulheres no audiovisual, foram levantados temas importantes, discutiu-se diversas vezes sobre o número reduzido de representação feminina nos sets de filmagem, e a importância de trazer esse olhar para as produções. Uma das oficinas inclusive focava na criação de personagens femininas, por que, afinal, estamos cansadas de assistir a produtos criados e escritos por homens, tentando nos mostrar quem é uma tal mulher e o que ela está sentindo, e falhando miseravelmente em trazer a visão feminina para o assunto. 
Um exemplo de detalhe que achei super atencioso, uma das sessões de filme foi pensada para mães e filhos, e um longa foi apresentado na cinemateca do MAM com parte das luzes acesas, para que crianças não ficassem desconfortáveis e as mães pudessem assistir sem maiores complicações. 
No final dessa sessão, houve um momento de bate-papo com a diretora do filme. Na grande maioria das sessões foi aberto esse espaço, fosse com a diretora, roteirista ou produtora, ou uma mulher só que reunia todos esses cargos. Achei a iniciativa muito interessante, nem sempre nos festivais temos no palco os comentários sobre os trabalhos apresentados, nos poucos que fui, era apenas a mostra daqueles selecionados pela organização. Assistir às realizadoras dos filmes falando sobre seus próprios trabalhos deixa a experiência bem mais completa, diferenciada. 
Além das mostras e oficinas, o festival trouxe painéis e masterclasses. Uma das palestras que assisti tinha como tema o processo criativo, com a atriz, roteirista e agora também diretora Karine Teles. Para bem tirar aquela dúvida do "ai meu deus, por onde começo", a atriz nos explicou sobre toda sua jornada no meio audiovisual, desde o momento em que suas intenções estavam apenas na atuação, e contando como foi sendo atraída para atrás das câmeras, primeiro escrevendo, e por fim dirigindo. Assistimos trechos de suas primeiras  produções, que a inseriram no mercado, e ficamos sabendo de todas as etapas e dificuldades do processo criativo de um filme. 
Outra mesa ótima trouxe Cleo e Vilma Melo, atrizes envolvidas no projeto Cleo on Demand que está sendo construído no Instagram da atriz, e também Carolina Albuquerque e Isabel De Luca, da plataforma Hysteria. Foi uma conversa bastante interessante que nos trouxe outros meios de lidar com o audiovisual, e se iniciou com uma apresentação da série 'Onde Está Mariana?', que foi lançada pelo IGTV da atriz, o Cleo on Demand. A série levanta o tema da violência contra a mulher, principalmente o abuso sofrido pelas mulheres pretas. 
Nesse bate-papo, se falou muito sobre representatividade, e como a internet, por ser mais democrática que outros canais, é um bom espaço para trazer atenção a certos temas. O Hysteria propõe a produção exclusiva por mulheres, de todas as mídias com que trabalham, e traz vídeos, podcasts e textos maravilhosos, sempre tendo a participação de mulheres em sua criação, por mais que o público alvo não seja, necessariamente, apenas feminino. E estamos falando aqui de todo o tipo de mulher, isso sendo o mais importante. Ficamos sabendo sobre vários dos projetos do Hysteria, já existentes, em produção, e que estão sendo lançados.
Estes são só alguns exemplos dos eventos incríveis propostos pelo festival, alguns dos que consegui assistir e posso comentar um pouco mais sobre. A programação trazia muito mais, com temas diversos, filmes diversos, e uma oficina de diálogos que eu gostaria muito que minha rotina tivesse me permitido participar. Tem uma importância neste festival, ele tem uma voz, uma razão maior de ser, está clamando por mais espaço, e isso o deixa muito especial. Para uma mulher que pretende trabalhar com roteiros, foi inspirador, mas tenho certeza que o Cabíria foi ótimo para qualquer um. 

por Gabriela Leão

2 comentários:

  1. Acredito que projetos assim só tendem a crescer com o passar dos anos. Dizem por aí, que o mundo é das mulheres! Mulheres que vão à luta, que acreditam em seus sonhos e mais do que isso, arregaçam as mangas e não se deixam abalar por nada.
    Amei saber disso tudo e oh, que venham mais anos!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  2. Gabriela!
    Não conhecia esse evento Cabíria Festival e achei bem interessante porque incentiva e aprimora o conhecimento.
    Dou o maior apoio para esses evenetos que enaltecem a mulher.
    cheirinhos
    Rudy

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