Menina que via Filmes: Finalmente Livres [Crítica]

Título Original: En Liberté

Título no Brasil: Finalmente livres 

Data de lançamento: 12 de dezembro de 2019 (1h 48min)

Direção: Pierre Salvadori

Elenco: Adèle Haenel, Pio Marmai, Audrey Tautou 

Gênero: Comédia

Nacionalidade: França

por Gabriela Leão

Dois anos após se tornar viúva, a inspetora da polícia Yvonne descobre que seu falecido marido, policial condecorado na delegacia e cidade onde trabalha, não é o herói que todos acreditavam ser. Por culpa do Capitão Santi, um jovem inocente passa oito anos na prisão. Com a liberação de Antoine, seu caminho se cruza com o de Yvonne, deixando ambos ainda mais confusos e até um pouco loucos. 

Com toda essa sinopse trágica, o que temos na verdade é um filme engraçadíssimo. Tenho que admitir meu ponto fraco com comédias francesas, o senso de humor costuma encaixar exatamente com o meu, caminhando do nonsense ou bobo, para algumas sacadas espertas. Eu adoro, e Finalmente Livres não foi muito diferente. Algumas das piadas são recorrentes no longa, vão evoluindo, e ficando cada vez melhores. As situações são bastante inusitadas, e muito do humor vem daí. A delegacia por si só já é uma loucura. Ri alto, algumas vezes, e para mim isso é dizer bastante. 

Os personagens são interessantes, gostei da escolha de colocar Yvonne como tenente da polícia, tendo conhecido o Capitão Santi por meio do trabalho. O longa poderia ter acontecido de forma muito semelhante mesmo com a protagonista ocupando algum cargo mais tradicionalmente feminino, ou sendo uma dona de casa que apenas cuida do filho. Gostei que os autores saíram desta caixinha e colocaram Yvonne em uma posição de poder na delegacia onde o falecido marido trabalhava, trouxe uma dinâmica mais simples e divertida para o filme, e a atriz Adèle Haenel está ótima no papel.

Antoine, vivido por Pio Marmaï, é um excelente personagem. O tratamento do inocente saindo da prisão, após cumprir oito anos de uma pena a ele aplicada injustamente, foi profundo e engraçado ao mesmo tempo. Vimos como algo tão forte pode mexer com uma pessoa boa e honesta, as dificuldades de retornar para a sociedade com a culpa de não ter a culpa. Apesar disso, o longa ainda se manteve leve, algumas piadas baseadas apenas na esquisitice de uma pessoa que passou oito anos reclusa. 

É um filme de comédia, a trama acaba ficando atrás das piadas na escala de relevância, e o mais importante está no que os personagens estão passando. Como resultado disso, o romance vivido por Yvonne acabou ficando entrecortado, aparecendo pontualmente ao longo do produto. Não é um problema específico, pois a forma que acontece acaba por ser um comentário na confusão mental vivida pela inspetora, sua incapacidade de focar no momento, e vira uma piada em si. Fora que, caso seguisse a lógica normal de narrativa, seria difícil fugir do clichê com essa parte da trama. Pode causar um certo estranhamento, mas talvez tenha sido uma forma criativa de nos apresentar o romance. 

Gostei da criatividade do filme, a comédia gira em torno de um contexto bem diferente, e a situação toda vai ficando cada vez mais enrolada e confusa. Uma espiral de loucura até um final bem inesperado. É leve, apesar da sinopse trágica, engraçado, e tem um ótimo ritmo. Daqueles que dá para assistir algumas vezes, deixar rolando na televisão, e rir de novo das piadinhas. Adorei!