Dia 9 de dezembro teve início o Festival do Rio, uma edição suada, onde foi preciso fazerem financiamento coletivo para que ela acontecesse. A Cecilia Mouta esteve presente cobrindo e gravou alguns vídeos para vocês que poderão conferir nessa postagem.
No evento de abertura também passou o esperado filme Adoráveis Mulheres, que ela conta o que achou logo abaixo, confiram.
O roteiro, muito bem construído pela Greta, consegue sintetizar, da adaptação literária de mesmo nome, personagens consistentes e carismáticas, deixando muito claro o desenvolvimento do arco da personagem principal, assim como do coadjuvante Laurie, interpretado brilhantemente por Thimothée Chalamet. Os diálogos, extremamente bem construídos e sutis, conseguem dosar na medida certa momentos cômicos com acidez das entrelinhas. É um filme divertido e dramático.
A estrutura da narrativa, muito bem elaborada na edição, construíram uma história cativante, trazendo um caráter que só não é metalinguístico por se tratarem de mídias diferentes. Mas ao longo da história vemos um fazer narrativo entrelaçar-se com o outro, da literatura para as telas, construindo-se mutuamente diante dos olhos do espectador.
As atuações do elenco engrandecem a história, com grande destaque para Saoirse Ronan, que mais uma vez mostrou porque é uma das melhores atrizes de sua geração. E a direção de arte, fotografia e cenografia, em muitos momentos, nos transportam para os quadros renascentistas do século XIV a XVI.
Adoráveis Mulheres é uma obra encantadora, engraçada e ácida, de narrativa autônoma à medida que se constrói enquanto se já mostra pronta ao espectador. À Greta, Saoirse Ronan, Emma Watson, Eliza Scanlen, Laura Dern e Florence Pugh, que adoráveis mulheres de assistir e prestigiar o trabalho. Ao filme, que adorável obra prima.
*Agradecemos ao Festival do Rio por mais um ano acreditando no nosso trabalho. Cecilia Mouta esteve na abertura do Festival do Rio 2019 no Cine Odeon dia 09 de dezembro.
A Larissa Rumiantzeff também assistiu ao filme na cabine de imprensa, confiram a crítica dela abaixo.
Quando se trata de remake, é complicado agradar a todos. Em termos de remake de adaptação cinematográfica então, é mais arriscado ainda. Porém, com um elenco como o de “Adoráveis Mulheres”, filme de Greta Gerwig que abriu o Festival do Rio 2019, era impossível eu não ficar empolgada e pedir para ver em primeira mão. Afinal, colocando Hermione Granger, Danny de Midsommar, Ladybird e Amma como irmãs, o difícil seria decidir qual se sairia melhor, mesmo comparando com Winona Rider, a Jo da versão de 1995. Mas vamos ao enredo. Pode conter revelações do enredo, até porque esse livro tem mais de 100 anos. Sendo assim, a palavra de ordem é correr riscos.
“Adoráveis mulheres” intercala passado e presente para contar a história das irmãs March, Jo, Meg, Beth e Amy, e a amizade com o vizinho, Laurie, em meio à Guerra Civil norte americana. Cada uma das irmãs tem uma personalidade e um talento diferente. Meg é a responsável e romântica. Ela quer viver tudo que uma jovem americana sonha em viver na época: bailes de debutantes, um casamento e uma família. Beth é extremamente tímida, mas também fofa e sensata. Ela ama tocar piano, mas até disso tem vergonha: a menina não toca na frente de estranhos. Amy é a artista. Um tanto afetada, perfeccionista e às vezes egoísta, ela lembra as vezes a Scarlett O’Hara, mas cresce e amadurece ao longo da história. Por fim, Jo. Josephine March é barulhenta, diferentona e independente. Impetuosa e intempestiva, Jo é a escritora da família, responsável por criar as peças do clubinho das irmãs. Por isso, ela e Amy têm uma certa tendência a se engalfinhar e competir entre si.
Apesar de se situar no período da Guerra Civil Americana, “Adoráveis Mulheres” não se trata de uma história pesada. Contada do ponto de vista da Jo, que ao mesmo tempo escreve e atua na própria história, mostra os costumes da época. Considerando a data de publicação do romance original, entre 1868 e 1869, é um romance jovem adulto que atravessou os séculos.
E foi por isso que eu gostei tanto da versão escrita e dirigida por Greta Gerwig. Não me entendam mal, a adaptação de 1995 era fofa. Mas não era um filme digno de um festival de cinema. Greta Gerwig trouxe o romance clássico para o patamar do Oscar, ao alternar passado e presente em vez de contar uma história linear, ao usar recursos técnicos como filtro de cor e cortes de cabelo para informar sutilmente qual era a época em que as meninas estavam, ao escalar Saoirse Ronan e Timothée Chalamet, atores indicados ao Oscar anteriormente, em papéis onde têm a chance de brilhar. Por fim, se nada disso for suficiente, ao dar uma participação especial a Meryl Streep. Na dúvida, coloca a Meryl Streep que não tem erro.
Um dos aspectos mais interessantes dessa nova versão foi a ênfase no amadurecimento das personagens e das suas relações. Quando lemos o livro, ou vemos a primeira versão, a sensação das mudanças de enredo é forçada, beirando um ex-machina. “Como assim fulaninho terminou com ela?” Parece aquelas novelas de antigamente, com final feito para chocar. Com o roteiro de Greta Gerwig, quem já conhecia a história sente menos antipatia pela Amy (interpretada pela fantástica Florence Pugh). Eu achava a Jo meio mala nas versões anteriores. Nesta, eu me identifiquei demais, inclusive com seus erros e dúvidas. As versões anteriores pecavam, ou pela falta de aprofundamento, ou pelo tom didático. Como disse um personagem da nova versão, “moral não vende”. Aqui, Greta simplesmente enxugou o que era desnecessário, abrindo espaço para as nuances e a arte. E acertou em cheio. Uma cena do final me emocionou, e não teve nada a ver com nenhuma cena romântica.
Como eu disse anteriormente, o forte da produção foi a direção e a direção de arte. Porém, uma superprodução é apenas um show de cores e luzes, sem roteiro e atores talentosos bem empregados. Aqui, ela se garantiu por todos os lados. As quatro irmãs são interpretadas por grandes atrizes atuais. Das quatro, a Meg de Emma Watson talvez tenha sido a mais básica. Jo é interpretada por Saoirse Ronan. Pessoalmente, eu não gostava da interpretação dela em outros filmes da Greta Gerwig. A impressão que eu tinha era de um tom de exagero na atuação, o que não acontece aqui. Eliza Scanlen, que interpreta a doce e meiga Beth, já havia envolvido o público como Amma, na série Objetos Cortantes. Pelo menos aqui, a doçura de Beth não é um artifício de uma psicopata. E Florence Pugh fez com que eu passasse a simpatizar com a Amy, que eu anteriormente achava uma cobra. Florence já havia brilhado como Danny no filme Midsommar, o mal não espera a noite. Perto delas, normalmente os demais atores seriam ofuscados. Imagino que tenha sido o que ocorreu com Emma Watson. Ela não atua mal, só não teve a oportunidade de impressionar, atuando de forma segura. Meryl Streep é Hors Concurs. Por fim, Timothée Chalamet fez com que eu me apaixonasse por Laurie. Sabe aquele mocinho de livros que apronta, mas vem com uma história triste, pede colo e faz com que as meninas se derretam? Pois é.
Recomendo esta nova versão para quem leu o livro, para quem não leu, para fãs dos atores e atrizes, para quem quer conhecer as meninas March pela primeira vez. O bom é que o filme é indicado para todas as idades, pois não tem nenhuma cena muito forte e deixou de ser um “filme de menina”.
E já estou na torcida pelo Oscar!
Cinco claquetes (não pode mais?)
Título Original: Little Women
Título no Brasil: Adoráveis Mulheres
Data de lançamento 9 de janeiro de 2020 (2h 15min)
Direção: Greta Gerwig
Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh mais
Gêneros Romance, Drama
Nacionalidade EUA
por Cecilia Mouta
Adoráveis Mulheres, novo longa de Greta Gerwig - diretora de Lady Bird - conta a história da família March, com destaque para a personagem Jo March vivida pela talentosíssima Saoirse Ronan. Ambientada no século XIX, em plena guerra civil norte-americana, acompanhamos o fim da adolescência e o início da fase adulta das quatro irmãs March, envoltas em seus encontros e desencontros amorosos e internos. A narrativa nos mostra as dificuldades não só de se tornar um adulto, mas as dificuldades das mulheres nessa sociedade do século XIX, ainda muito patriarcal e machista. O roteiro, muito bem construído pela Greta, consegue sintetizar, da adaptação literária de mesmo nome, personagens consistentes e carismáticas, deixando muito claro o desenvolvimento do arco da personagem principal, assim como do coadjuvante Laurie, interpretado brilhantemente por Thimothée Chalamet. Os diálogos, extremamente bem construídos e sutis, conseguem dosar na medida certa momentos cômicos com acidez das entrelinhas. É um filme divertido e dramático.
A estrutura da narrativa, muito bem elaborada na edição, construíram uma história cativante, trazendo um caráter que só não é metalinguístico por se tratarem de mídias diferentes. Mas ao longo da história vemos um fazer narrativo entrelaçar-se com o outro, da literatura para as telas, construindo-se mutuamente diante dos olhos do espectador.
As atuações do elenco engrandecem a história, com grande destaque para Saoirse Ronan, que mais uma vez mostrou porque é uma das melhores atrizes de sua geração. E a direção de arte, fotografia e cenografia, em muitos momentos, nos transportam para os quadros renascentistas do século XIV a XVI.
Adoráveis Mulheres é uma obra encantadora, engraçada e ácida, de narrativa autônoma à medida que se constrói enquanto se já mostra pronta ao espectador. À Greta, Saoirse Ronan, Emma Watson, Eliza Scanlen, Laura Dern e Florence Pugh, que adoráveis mulheres de assistir e prestigiar o trabalho. Ao filme, que adorável obra prima.
*Agradecemos ao Festival do Rio por mais um ano acreditando no nosso trabalho. Cecilia Mouta esteve na abertura do Festival do Rio 2019 no Cine Odeon dia 09 de dezembro.
A Larissa Rumiantzeff também assistiu ao filme na cabine de imprensa, confiram a crítica dela abaixo.
por Larissa Rumiantzeff
Quando se trata de remake, é complicado agradar a todos. Em termos de remake de adaptação cinematográfica então, é mais arriscado ainda. Porém, com um elenco como o de “Adoráveis Mulheres”, filme de Greta Gerwig que abriu o Festival do Rio 2019, era impossível eu não ficar empolgada e pedir para ver em primeira mão. Afinal, colocando Hermione Granger, Danny de Midsommar, Ladybird e Amma como irmãs, o difícil seria decidir qual se sairia melhor, mesmo comparando com Winona Rider, a Jo da versão de 1995. Mas vamos ao enredo. Pode conter revelações do enredo, até porque esse livro tem mais de 100 anos. Sendo assim, a palavra de ordem é correr riscos.
“Adoráveis mulheres” intercala passado e presente para contar a história das irmãs March, Jo, Meg, Beth e Amy, e a amizade com o vizinho, Laurie, em meio à Guerra Civil norte americana. Cada uma das irmãs tem uma personalidade e um talento diferente. Meg é a responsável e romântica. Ela quer viver tudo que uma jovem americana sonha em viver na época: bailes de debutantes, um casamento e uma família. Beth é extremamente tímida, mas também fofa e sensata. Ela ama tocar piano, mas até disso tem vergonha: a menina não toca na frente de estranhos. Amy é a artista. Um tanto afetada, perfeccionista e às vezes egoísta, ela lembra as vezes a Scarlett O’Hara, mas cresce e amadurece ao longo da história. Por fim, Jo. Josephine March é barulhenta, diferentona e independente. Impetuosa e intempestiva, Jo é a escritora da família, responsável por criar as peças do clubinho das irmãs. Por isso, ela e Amy têm uma certa tendência a se engalfinhar e competir entre si.
Apesar de se situar no período da Guerra Civil Americana, “Adoráveis Mulheres” não se trata de uma história pesada. Contada do ponto de vista da Jo, que ao mesmo tempo escreve e atua na própria história, mostra os costumes da época. Considerando a data de publicação do romance original, entre 1868 e 1869, é um romance jovem adulto que atravessou os séculos.
E foi por isso que eu gostei tanto da versão escrita e dirigida por Greta Gerwig. Não me entendam mal, a adaptação de 1995 era fofa. Mas não era um filme digno de um festival de cinema. Greta Gerwig trouxe o romance clássico para o patamar do Oscar, ao alternar passado e presente em vez de contar uma história linear, ao usar recursos técnicos como filtro de cor e cortes de cabelo para informar sutilmente qual era a época em que as meninas estavam, ao escalar Saoirse Ronan e Timothée Chalamet, atores indicados ao Oscar anteriormente, em papéis onde têm a chance de brilhar. Por fim, se nada disso for suficiente, ao dar uma participação especial a Meryl Streep. Na dúvida, coloca a Meryl Streep que não tem erro.
Um dos aspectos mais interessantes dessa nova versão foi a ênfase no amadurecimento das personagens e das suas relações. Quando lemos o livro, ou vemos a primeira versão, a sensação das mudanças de enredo é forçada, beirando um ex-machina. “Como assim fulaninho terminou com ela?” Parece aquelas novelas de antigamente, com final feito para chocar. Com o roteiro de Greta Gerwig, quem já conhecia a história sente menos antipatia pela Amy (interpretada pela fantástica Florence Pugh). Eu achava a Jo meio mala nas versões anteriores. Nesta, eu me identifiquei demais, inclusive com seus erros e dúvidas. As versões anteriores pecavam, ou pela falta de aprofundamento, ou pelo tom didático. Como disse um personagem da nova versão, “moral não vende”. Aqui, Greta simplesmente enxugou o que era desnecessário, abrindo espaço para as nuances e a arte. E acertou em cheio. Uma cena do final me emocionou, e não teve nada a ver com nenhuma cena romântica.
Como eu disse anteriormente, o forte da produção foi a direção e a direção de arte. Porém, uma superprodução é apenas um show de cores e luzes, sem roteiro e atores talentosos bem empregados. Aqui, ela se garantiu por todos os lados. As quatro irmãs são interpretadas por grandes atrizes atuais. Das quatro, a Meg de Emma Watson talvez tenha sido a mais básica. Jo é interpretada por Saoirse Ronan. Pessoalmente, eu não gostava da interpretação dela em outros filmes da Greta Gerwig. A impressão que eu tinha era de um tom de exagero na atuação, o que não acontece aqui. Eliza Scanlen, que interpreta a doce e meiga Beth, já havia envolvido o público como Amma, na série Objetos Cortantes. Pelo menos aqui, a doçura de Beth não é um artifício de uma psicopata. E Florence Pugh fez com que eu passasse a simpatizar com a Amy, que eu anteriormente achava uma cobra. Florence já havia brilhado como Danny no filme Midsommar, o mal não espera a noite. Perto delas, normalmente os demais atores seriam ofuscados. Imagino que tenha sido o que ocorreu com Emma Watson. Ela não atua mal, só não teve a oportunidade de impressionar, atuando de forma segura. Meryl Streep é Hors Concurs. Por fim, Timothée Chalamet fez com que eu me apaixonasse por Laurie. Sabe aquele mocinho de livros que apronta, mas vem com uma história triste, pede colo e faz com que as meninas se derretam? Pois é.
Recomendo esta nova versão para quem leu o livro, para quem não leu, para fãs dos atores e atrizes, para quem quer conhecer as meninas March pela primeira vez. O bom é que o filme é indicado para todas as idades, pois não tem nenhuma cena muito forte e deixou de ser um “filme de menina”.
E já estou na torcida pelo Oscar!
Cinco claquetes (não pode mais?)
Pela crítica acima, o filme parece ser maravilhoso! Muita vontade de assistir.
ResponderExcluirAnálise detalhada e bem argumentada. 👏👏👏👏
Eu quero tanto ver esse filme, não conheço a história, mas já ouvi algumas coisas sobre e estou cheia de expectativas para assistir!!
ResponderExcluirVou absorver tudo que este Festival trouxe a você e tantos outros amantes do cinema que puderam contribuir para que um evento assim não morresse!
ResponderExcluirA cada ano, somos presenteados com verdadeiras pérolas do cinema mundial e olha aí, uma super indicação e oh, pegando "rabeira" nos filmes com mulheres fortes!!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Bem meninas...
ResponderExcluircom análises semelhantes e alguns ponto de vista dfirentes, mas avaliação muito boa, imagino o quanto o enredo, a ambientação, o figurino e tudo que envolva o filme, inclusive as atrizes, deve ser bom demais.
cheirinhos
Rudy
Oiii ❤ Eu quero muito assistir esse filme, pois eu adorei a versão de 1995, adorei ver a relação das irmãs entre si e me encantei pela personagem Jo, Winona Ryder ficou incrível no papel.
ResponderExcluirEstou curiosa sobre a nova adaptação e para ver se vou gostar tanto quanto gosto da antiga.
As atrizes escolhidas pro remake são ótimas, acho muito difícil um filme não dar certo com um elenco de peso como esse.
Beijos ❤