Menina que via Filmes: Com Amor, Van Gogh: O Sonho Impossível [Crítica]

Título Original: Loving Vincent: The Impossible Dream 

Lançamento: 30 de janeiro de 2020 (1h 00min)

Gênero: Documentário

Direção: Miki Wecel

Elenco entrevistado: Dorota Kobiela, Hugh Welchman, Sean M. Bobbitt e mais. 

Nacionalidade: Polônia

por Gabriela Leão

“Com Amor, Van Gogh” é uma obra-prima dos longa metragens de animação, não só por ter sido inteiramente pintado, mas pela emoção que traz ao contar os últimos dias de um homem tão icônico no mundo das artes, de uma forma absolutamente linda. Mas, a jornada para chegar a este resultado maravilhoso não foi simples, e o documentário “Com Amor, Van Gogh: O Sonho Impossível” nos revela todos os passos, desafios e conquistas que possibilitaram a realização deste incrível trabalho, que em muitos momentos pareceu ser, de fato, um sonho impossível. 

O documentário é quase tão emocionante quanto o filme em si, em sua essência traz um desejo muito similar ao que Van Gogh devia sentir, de fazer a arte acontecer. Um filme pintado era algo novo, nunca antes feito e dificílimo, porém tantas pessoas se apaixonaram pela ideia que fizeram de tudo para que “Com Amor, Van Gogh” chegasse às telas. Acompanhamos principalmente a trajetória de Dorota Kobiela, idealizadora do projeto, roteirista e diretora, que nos conta todo o processo desde o momento em que o filme pintado era a gênese de uma ideia, e quando a história de Van Gogh seria contada em um curta metragem de apenas sete minutos. A segunda figura mais importante para esta realização foi Hugh Welchman, que se juntou a Dorota na produção e acabou por co-dirigir o filme. 

Assistir à “Com Amor, Van Gogh” já é incrível, fiquei hipnotizada pelos movimentos das pinceladas que apareciam na tela, e impressionada com os atores, em principal os que reconheci, como pinturas vivas. Agora, após o documentário, acredito que a experiência de assistir ao longa de animação deve ser ainda mais inspiradora. Isso porque “Com Amor, Van Gogh: O Sonho Impossível” nos ensina em detalhes todo o processo feito para a construção de um filme pintado, os mais de cem artistas que dedicaram horas nas telas, a atenção aos detalhes necessária para garantir a harmonia entre as imagens, até mesmo a estrutura do espaço de trabalho que foi idealizada para tornar o trabalho do animador/pintor mais efetivo. 

O documentário aborda diversos aspectos, o processo criativo de Dorota no roteiro e na ideia como um todo, a combinação de gravações e pinturas que resultaram no produto, os desafios de se inserir na indústria audiovisual, e as dificuldades em promover o trabalho ao ser considerado alguém “de fora”, ainda sem um nome, mesmo tendo em mãos algo tão único como “Com Amor, Van Gogh”. É realmente emocionante, e minha frustração por esse filme não ter ganho o Oscar de melhor animação, que já era enorme, cresceu mais ainda. Com todo respeito a “Viva – A Vida é uma Festa”, que foi o vencedor no ano em questão e também querido pelo público, mas o que está por detrás da tela em “Com Amor, Van Gogh” é tão gigantesco, que merecia o prêmio.  

Adorei assistir ao documentário, descobri quem eram as pessoas por detrás desse trabalho maravilhoso, conheci o processo de criação de uma animação pintada, e tudo deixou a obra ainda mais completa para mim. Muito interessante, e todos aqueles que amaram “Com Amor, Van Gogh” deveriam assistir.