Menina que via Filmes: Tel Aviv em Chamas [Crítica ]

Título no Brasil: Tel Aviv em Chamas

Título Original: Tel Aviv on Fire

Lançamento: 12 de março de 2020 (1h 41min) 

Gênero: Comédia

Direção: Sameh Zoabi

Elenco: Kais Nashif, Lubna Azabal, Nadim Sawalha

Nacionalidades: Luxemburgo, Israel, Bélgica

por Gabriela Leao

Salam começa a trabalhar como roteirista na novela produzida por seu tipo, chamada, assim como o longa, ‘Tel Aviv em Chamas’. A princípio responsável apenas pela verossimilhança dos diálogos em hebraico, Salam acaba se tornando roteirista principal de um dos segmentos mais relevantes do programa. Sem ter ideia de como escrever as cenas, recorre a ajuda improvável de um soldado do exército Israelense, que tem uma visão romântica de como a novela deve terminar - bem diferente do que desejam os produtores. 

‘Tel Aviv em Chamas’ é uma comédia delícia, daquelas boas para assistir em casa, no fim de semana - bem despretensiosa. A brincadeira com a novela sendo filmada dentro do longa é algo já feito antes, mas continuou divertida. A ‘Tel Aviv em Chamas’ escrita por Salam e seu tio é absurdamente melodramática e estereotipada, assim como a visão do público que assiste ao produto. O resultado, no filme, ficou bem divertido. É uma sátira próxima da nossa cultura viciada em novela, fácil de enxergar alguém que conhecemos no público fiel, que não perde um episódio. 

Fora isso, o longa ainda trouxe todo um outro contexto extra, que compensou ainda mais a repetição. O personagem do oficial israelense Assi Tzur é muito interessante, um homem comprometido com o exército, preso na vida burocrática, mas que na realidade é um romântico. Ele nega assistir à novela, mas torce pelo casal formado pela protagonista e o oficial do exército dentro do programa, enxergando-se naquela figura. É em Assi que Salam encontra a mente criativa que irá ajudá-lo a escrever os roteiros de ‘Tel Aviv em Chamas’, e Assi, no fundo, quer mesmo é impressionar sua esposa. 

Assi Tzur foi, disparado, meu personagem favorito. Adorei como foi construído, bem como a dinâmica que teve com Salam. Também me diverti com toda a ambientação da filmagem da novela, os personagens trazidos ali, decisões são tomadas pensando nos patrocinadores, o ego exagerado de alguns artistas. Não tenho a menor ideia se as novelas brasileiras funcionam de forma parecida, mas fiquei imaginando que sim e achei graça. 

Rola um romance envolvendo Salam, que eu não achei necessário, mas fica lá para quem gosta de ter um casal para quem torcer. Para mim, Assi e sua esposa eram o suficiente, até gostaria que fossem um pouco mais explorados. Salam e Miriam acontecem como algo secundário demais no filme, rende algumas cenas fofas, desenvolve o personagem de Salam, mas não foi tão marcante. É possível que eu tenha ficado com essa sensação por ter achado o protagonista bem menos carismático do que Assi – é sério, eu amei o oficial israelense. 

Ainda, o filme aborda a temática Israel/Palestina, por mais que seja algo sutil e tangencial. O fim de ‘Tel Aviv em Chamas’, tanto a novela quando o longa, não deixa de ser um comentário sobre a questão. Todas essas pequenas coisas deixam o filme um pouco mais completo do que uma simples comédia de sessão da tarde, mas o produto ainda se mantém leve e divertido. Dei 4 claquettes considerando o quanto eu ri no cinema, foram algumas risadas altas, mas é uma nota dentro dessa categoria: comédias gostosas de assistir.