[Resenha] Palácio de Areia - Femme Fatale #3

Título Original: Palácio de Areia

Série Femme Fatale - volume 3

Autora: Raffa Fustagno

Data da publicação: 25 de março de 2020

Formato lido: ebook

Número de págs: 107

Editora: Independente 

por Larissa Rumiantzeff

Uma investigação congelante

Pureza (Annelisa) e Frieza (Elzalina) são filhas do governador mais corrupto que Arenlândia já conheceu: Olafo Filho. As irmãs têm temperamentos opostos, e posições diferentes com relação às roubalheiras do pai. Em meio a esquemas de propinas, compras de joias sem limite, uso indevido de helicópteros e outras ostentações, a história se passa no Palácio de Frozuara, uma república democrática na América do Sul.

Quando Pureza, a filha mais nova do governador, começa a se dar conta de que todo o seu luxo veio às contas do sangue e do suor do trabalhador, seu mundo vem abaixo. Chamada assim por seu caráter mais doce e ingênuo, em oposição à frieza de Elzalina, Pureza finalmente acorda para os desmandos da família, que abafa os gritos do povo, de “Fora Olafo” com festas caríssimas regadas a vinho e champagne. E com a força de uma bola de neve tacada com força em sua cabeça, os protestos contra o aumento da passagem dos ônibus são o estopim para uma revolução pessoal dentro da Pureza, que se dá conta de que está em suas mãos promover uma verdadeira mudança em sua própria vida, mesmo que a sua família não queira. 

Frieza, ao contrário da irmã, tem o temperamento da gêmea má das novelas. Com desprezo pelos pobres e pelos funcionários da sua casa, e verdadeiramente obcecada pela sua aparência, a irmã mais velha tem noção da origem de seus luxos. Ela só não se importa com isso, chegando a postar vídeos da multidão em seu instagram. 

Decidida a tirar a verdade a limpo de uma vez por todas, Pureza vai atrás de respostas. Porém, em meio a tudo isso, uma nova pergunta surge em seu íntimo. Qual seria o papel de Cristolfo, o belo segurança de seu Palácio, em tudo isso? E será que ele sente o mesmo por ela?

O novo livro da Raffa Fustagno é super gostoso de ler. Seguindo a tendência de outras escritoras, como Paula Pimenta, que criou versões modernas de princesas, “Palácio de Areia”, contudo, tem um diferencial. Apesar de ter, sim, um romance, o foco está na pesquisa de esquemas de corrupção no Brasil, enquanto coloca referências maravilhosas da animação da Disney. A moeda nacional são flocos de neve, a emissora mais poderosa se chama rede Globo de Neve, e por aí vai. Eu precisei parar de ler, para rir, quando vi o nome da operação contra a corrupção, chamada de “Abraços quentinhos”. 

Ao criar uma trata atual, que traz questões conhecidas da mídia e do povo brasileiro, combinada com um desenho da Disney, Raffa Fustagno não dá nomes aos bois, mas quem acompanhou as notícias nos últimos anos consegue juntar um mais um. Contudo, a autora coloca ambiguidade o suficiente nas referências para dar lugar à fantasia. 

Só digo uma coisa: se um dia o livro virar filme, quero o Fábio Porchat fazendo papel do Olafo. 

E dá pra ver, em cada página, o grau de pesquisa que foi colocado na história. Não parei de ler até chegar ao final. Recomendo para adolescentes a partir dos 12 anos de idade.  

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