Menina que via filmes: Festival do Amor

 

Título Original: Rifkin’s Festival

Título no Brasil: O Festival do Amor

País: Estados Unidos

Ano: 2020

Direção: Woody Allen

Roteiro: Woody Allen

Elenco: Wallace Shawn, Gina Gershon, Louis Garrel, Elena Anaya

Nota: 3 (3/5)

por Amanda Gomes

Mort Rifkin (Wallace Shawn) é um crítico e professor de cinema, em viagem à Espanha para o famoso festival de San Sebastian, mas ao contrário do que se pensa ele não está indo à trabalho, o motivo da sua viagem é apenas acompanhar a esposa Sue (Gina Gershon), que é assessora de imprensa do famoso diretor Philippe (Louis Garrel), que é uma das grandes apostas e sensação do momento.

Sue e Phillippe começam a passar muito tempo grudados, justificando tamanha proximidade com a enorme quantidade de coletivas de imprensa, entrevistas e outras ocupações sociais exigidas pelo festival. Enquanto isso, Mort se percebe com ciúmes da esposa e desconfia que os dois possam estar tendo um caso. Com a sua mente projetando tantas situações de possíveis infidelidades, o corpo de Mort acaba respondendo sempre com um sintoma diferente, o que acaba fazendo com que ele procure por um médico. É quando conhece a Dra. Jo Rojas (Elena Anaya), que é quem parece ter a solução de todos os seus problemas. 

Apesar de ter o romance como um foco principal, o novo longa de Woody Allen aborda muito além disso. Como é tão característico do diretor, teremos aqui um personagem principal que muito se assemelha a ele mesmo.

Mort é um crítico e professor de cinema que está visitando um festival que está cheio de filmes dos quais ele pensa que são uma grande baboseira, em especial o trabalho de Philippe. É perceptível a crítica que Woody tenta fazer quando Mort está sempre citando grandes obras e diretores, mostrando que atualmente os filmes não abordam o que ele julga que seja de fato indispensável e grandioso, que não se questiona mais questões filosóficas e de vida, que os temas atuais estão intrinsecamente ligados ao acontecimentos cotidianos que não podemos solucionar então não deveríamos gastar tempo produzindo conteúdo sobre.

É nítido que a relação entre Mort e Sue já não funciona muito antes da ida ao festival, e o quanto ver a esposa se debruçando sobre um homem mais novo e com um gosto cinematográfico questionável, segundo os padrões do próprio Mort, abala totalmente seu ego e autoconfiança. E ao encontrar na médica, Jo Rojas, alguém que aprecia a forma como a sua mente pensa, que está disposta a ouvir seus comentários e que compartilha de um mesmo modo de pensar, é impossível que Mort não se sinta atraído e encantado pela jovem. 

O roteiro do filme foi pensado para apresentar exatamente tudo que o próprio personagem principal questiona ao longo da narrativa. Tendo seu toque romântico acompanhado de algumas cenas de humor, ‘O Festival do Amor’ conta com uma belíssima fotografia mostrando todo o esplendor de San Sebastian. 

Apesar de muitos pontos positivos, a narrativa do filme em alguns momentos acaba se tornando um pouco cansativa, em especial pelo próprio Mort que se mostra um protagonista chato e soberbo, até mesmo um pouco invejoso, que não é capaz de cativar o público. É um indício de que Woody Allen continua se repetindo, mostrando uma pouca inovação ao tentar trazer atores queridinhos do mundo pop para suas produções. ‘O Festival do Amor’ é um filme para prestar homenagem a grandes mestres do cinema e suas obras.

*Filme assistido em cabine de imprensa presencial por nossa colunista Amanda Gomes, à convite da assessoria e da Imagem Filmes