sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Meu Verão Com Gloria [Crítica]

 


Título no Brasil: Meu Verão Com Gloria 

Título Original: Àma Gloria

Ano: 2025

País: França

Direção: Marie Amachoukeli 

Roteiro: Marie Amachoukeli

Elenco: Louise Mauroy-Panzani, Ilça Moreno Zego,Arnaud Rebotini

Nota: 4/5

Por Amanda Gomes


Em Meu Verão com Gloria acompanhamos a história de amor e carinho forjada por uma criança e sua cuidadora. Aos seis anos, Cleo é apaixonada por sua babá Gloria, que a cria e cuida desde seu nascimento.


Um dia, após uma notícia trágica, Gloria precisa retornar urgentemente ao seu país natal Cabo Verde, onde vivem sua família e seus filhos. Cleo sente a infelicidade e o fardo dessa notícia e, rapidamente, pede para seu pai que traga Gloria de volta em razão de uma promessa feita entre as duas: que se reencontrem o mais rápido possível.


Gloria, então, convida a pequena para conhecer o seu país e passar um último verão com ela em Cabo Verde como forma de despedida. Enquanto Cleo conhece um lado desconhecido da vida da babá e desbrava um mundo novo, Gloria precisa lidar com as questões de seus dois filhos que, querendo ou não, ela deixou para trás.


Com toques oníricos e uma estética visual marcante, o filme se destaca pela forma sensível como retrata a relação entre uma menina francesa e sua babá cabo-verdiana. O filme se desenvolve durante um verão, capturando momentos de convivência e afeto antes da despedida definitiva.  


Diferente de outras produções que abordam a relação entre crianças e suas cuidadoras, como “Histórias Cruzadas”, “Meu Verão com Glória” se destaca pela estética e pela sutileza emocional. A fotografia, com planos fechados nos rostos dos personagens, cria uma intimidade que aproxima o espectador das emoções da protagonista. A relação entre Cléo e seu pai também é explorada visualmente, como na cena em que os dois dançam juntos, revelando um homem fragilizado pela perda da esposa e pela iminente ausência de Glória.  


O filme ganha ainda mais profundidade com sequências de animação. Essas cenas não apenas ilustram memórias e sentimentos, mas também reforçam a atmosfera sensorial da narrativa. Um dos momentos mais marcantes ocorre quando a morte da mãe de Cléo é representada por meio da mudança das estações, com tons quentes e texturas vibrantes transmitindo a transformação emocional da menina.  


Além de ser uma história sobre crescimento, “Meu Verão com Glória” também reflete sobre maternidade e pertencimento. Enquanto Glória foi uma mãe substituta para Cléo, ela se distanciou dos próprios filhos, especialmente de Cézar, um adolescente ressentido pela ausência materna. Essa dualidade torna a personagem ainda mais complexa e humana.  



O ritmo do filme é contemplativo, sem seguir uma estrutura clássica de começo, meio e fim bem definidos. Composto por fragmentos de momentos cotidianos, “Meu Verão com Glória” é uma obra que convida o espectador a simplesmente observar e sentir. Seu tom suave e melancólico o torna ideal para uma tarde introspectiva, onde cada cena parece uma pintura carregada de emoções silenciosas.  


No elenco, Louise Mauroy-Panzani impressiona com sua naturalidade, tornando cada expressão genuína e espontânea. Já Ilça Moreno Zego transmite a serenidade e a nostalgia de uma mulher dividida entre o amor por uma menina que criou e o desejo de se reconectar com sua verdadeira família.  


No fim, “Meu Verão com Glória” se destaca por sua franqueza e honestidade, sem tentar ser grandioso ou espetacular. É um filme sobre despedidas, crescimento e aceitação, narrado com poesia e delicadeza. Cléo e Glória seguem caminhos distintos, mas, ao longo daquele verão, compartilham um último momento de amor e aprendizado.  

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