quinta-feira, 10 de abril de 2025

Drop - Ameaça Anônima [Crítica]

 




Título no Brasil: Drop - Ameaça Anônima  

Título Original: Drop

Ano: 2025  

País: Estados Unidos  

Direção: Christopher Landon  

Roteiro: Jillian Jacobs, Chris Roach  

Elenco: Mechann Fahy, Brandon Slenar, Violett Beane  

Nota: 4/5

Por Amanda Gomes



A narrativa acompanha Violet, mãe solteira e viúva que tenta se reerguer após sobreviver a uma tentativa de feminicídio cometida pelo ex-marido. Atuando como conselheira de vítimas de abuso físico e sexual, ela finalmente decide enfrentar seus traumas ao aceitar um encontro com Henry, um fotógrafo sedutor que conheceu por aplicativo. Com o filho sob os cuidados da irmã, Jen, Violet se arruma e parte rumo a um prestigiado restaurante — mas o que parecia ser uma noite de recomeço logo se transforma em pesadelo. Mensagens anônimas começam a aparecer via AirDrop, ordenando que ela envenene a bebida do rapaz caso queira manter sua família viva.


Landon entrega aqui uma experiência que presta homenagem aos clássicos do cinema whodunnit e ao suspense hitchcockiano, mas sem a pretensão de reinventar o gênero. Ao lado dos roteiristas Jillian Jacobs e Chris Roach, constrói uma narrativa que se apoia com inteligência em convenções familiares, remodelando-as com ritmo e estilo para dialogar diretamente com seu público-alvo. O resultado é um thriller pop de ritmo afiado, que prende do início ao fim.


O restaurante — criado especialmente para o filme — torna-se um cenário claustrofóbico e labiríntico, onde cada rosto ao redor da protagonista levanta suspeitas. A brincadeira de “quem é o invasor?” assume o centro da tensão, lembrando o espectador de que, no mundo hiperconectado de hoje, o perigo pode estar a centímetros de distância.


A direção de Landon acerta em cheio nos excessos calculados: o uso marcante da cor vermelha traduz o estado emocional de Violet e o perigo iminente; os ângulos ousados remetem ao estilo de Brian De Palma; e as mensagens misteriosas são integradas ao ambiente com fluidez, evitando cortes didáticos para a tela do celular. A trilha sonora de Bear McCreary, com seus arranjos tétricos, e a fotografia expressiva de Marc Spicer colaboram para o clima de tensão crescente.


Meghann Fahy, recém-saída de sua performance elogiada em “The White Lotus”, entrega uma atuação visceral. Indicada ao Emmy, ela traduz a dor e a força da personagem sem cair em melodrama, com expressões contidas e um domínio cênico notável. Brandon Sklenar, por sua vez, oferece uma atuação equilibrada, criando uma dinâmica convincente com Fahy que oscila entre a tensão e a vulnerabilidade. A participação de Reed Diamond como Richard, um estranho que Violet conhece no bar, adiciona mais uma camada de incerteza à atmosfera já carregada.



Embora o terceiro ato apresente algumas conveniências típicas do gênero — e talvez acelere mais do que deveria —, o filme nunca perde o fio emocional. Há uma vulnerabilidade latente em Violet que transcende a ameaça imediata. Seu passado de abusos, o medo constante e o desejo de se reconectar com o mundo dão profundidade à narrativa. Henry, longe de ser apenas o galã idealizado, também carrega suas próprias feridas, ampliando o impacto da relação entre os dois.


“Drop: Ameaça Anônima” é uma grata surpresa que une talento, estilo e emoção em um mesmo lugar. Christopher Landon brinca com os clichês do suspense e os transforma em algo próprio, com coragem e personalidade. É como um encontro às cegas com o perigo: imprevisível, instigante — e com uma pitada agridoce de esperança, mesmo no caos.


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