Título no Brasil: Springsteen: Salve-me do DesconhecidoTítulo Original: Springsteen: Deliver Me From Nowhere
Ano: 2025
País : EUA
Direção: Scott Cooper
Roteiro: Scott Cooper
Elenco: Jeremy Allen White, Jeremy Strong, Paul Walter Hauser
Nota: 2,5/5.0
Por Amanda Gomes
As cinebiografias musicais parecem ter se transformado em um gênero próprio dentro de Hollywood. Existe uma tendência cada vez mais evidente de transformar artistas em produtos de prateleira, embalados com cortes bem-feitos, figurinos meticulosamente envelhecidos e aquele velho arco narrativo de ascensão, queda e redenção. É o “modo automático” de se contar histórias reais: brilho na superfície, vazio no conteúdo. “Springsteen: Salve-Me do Desconhecido”, dirigido por Scott Cooper, se encaixa dolorosamente bem nessa lógica e talvez até a resuma.
O filme tenta recontar o processo de criação de Nebraska (1982), álbum mais introspectivo de Bruce Springsteen, nascido em meio à solidão, à depressão e à auto análise de um artista tentando compreender o próprio vazio. E o mais frustrante é que o material original, tanto biográfico quanto simbólico, tinha tudo para ser fascinante. Mas o que chega às telas não é bem isso.
Jeremy Allen White entrega uma boa performance, com intensidade, mas seu talento acaba preso dentro de uma estrutura previsível demais para permitir qualquer transcendência. Ele reproduz os trejeitos, o olhar distante e até a postura corporal de Bruce, mas o roteiro parece preocupado demais em fazer dele um “Oscar moment” ambulante. Odessa Young, como Faye Romano, uma personagem inventada e composta a partir de várias mulheres da vida real de Bruce, é um dos poucos respiros emocionais do filme. Mas mesmo ela parece existir apenas para preencher lacunas narrativas.