quinta-feira, 13 de março de 2025

Código Preto (Crítica)


 Título no Brasil: Código Preto

Título Original: Black Bag

Ano: 2025

País: Estados Unidos

Direção: Steven Soderbergh

Roteiro: David Koepp

Elenco: Michael Fassbender, Cate Blanchett, Tom Burke

Nota: 3,5/5.0

Por Amanda Gomes


É preciso escolher: seu casamento ou sua lealdade? Em Código Preto, acompanhamos o casal de agentes espiões Kathryn e George. Dentro de casa, a vida matrimonial é tranquila e apaixonada, os dois respeitando os segredos e as discrições da profissão. 


Quando, porém, alguém parece ter vazado informações confidenciais e perigosas da inteligência, Kathryn é a principal suspeita. A missão de George, agora, é descobrir se sua esposa é a verdadeira traidora, testando a confiança de seu casamento. De maneira extraoficial, George precisa ser discreto e encarar um dos maiores testes de sua carreira e vida pessoal: ser leal ao seu país ou ao seu relacionamento.


Código Preto apesar da premissa intrigante e do charme do elenco, o filme fica no meio do caminho entre a homenagem e a sátira – e acaba tropeçando no próprio desfecho.


O diretor, no entanto, não está interessado em uma história tradicional de espiões. Seu foco está na dinâmica conjugal dos protagonistas – um jogo de segredos e desconfianças em que a vida pessoal e profissional se confundem. A espionagem aqui não é apenas um pano de fundo, mas uma metáfora para o casamento: cada ação de George e Kathryn afeta o outro diretamente, como num intrincado tabuleiro de xadrez emocional.


O roteiro brinca com os clichês do gênero, satirizando a frieza dos agentes secretos. Fassbender, sempre meticuloso, constrói um George que tenta manter o controle, mas cuja vulnerabilidade transparece nos momentos certos. Blanchett, por sua vez, traz um magnetismo calculado para Kathryn, mantendo o espectador constantemente na dúvida sobre suas reais intenções.


Visualmente, Código Preto bebe da tradição do gênero. Utiliza planos fechados para intensificar a tensão, planos abertos para destacar a coreografia dos personagens e até ângulos inclinados para sugerir o desequilíbrio da situação. A fotografia elegante e os figurinos impecáveis reforçam a identidade estilizada do filme, remetendo tanto aos thrillers políticos dos anos 70 quanto ao glamour de 007.



O humor é outro trunfo da produção. Diferente da ação explosiva de Sr. & Sra. Smith, o casal de espiões aqui se envolve em algo mais parecido com uma sessão de terapia, onde traições e desconfianças são expostas sob o pretexto da profissão. A participação de Pierce Brosnan – um ex-James Bond – só reforça o tom irônico do projeto.


Apesar do ritmo ágil (o filme tem apenas 93 minutos) e das boas ideias, Código Preto derrapa no desfecho. Koepp, que até então sustentava o mistério com precisão, entrega uma resolução excessivamente explicativa, quase didática, que enfraquece a tensão construída. O resultado é um final frustrante, que parece subestimar a inteligência do público.


Código Preto é um thriller estiloso, com um elenco afiado e momentos de puro brilhantismo. Não reinventa o gênero, mas diverte ao subverter algumas de suas regras. Se o desfecho fosse tão afiado quanto o resto do filme, estaríamos diante de uma obra memorável. Ainda assim, é uma experiência envolvente.

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