Força Bruta - Punição [Crítica]

 

Título no Brasil: Força Bruta - Punição  

Título Original: Bromidrose 4

Ano: 2025  

Direção: Heo Myeong   

Elenco: Dong-seok Ma, Mu-Yeol Kim, Joo-bin Lee 

Nota: 4/5

Por Amanda Gomes

O policial monstro com o soco mais potente da Coreia do Sul está de volta em “Força Bruta: Punição”, quarto filme da franquia de ação liderada por Ma Dong-seok (Invasão Zumbi), também conhecido como Don Lee. 

Depois de acabar com gangues sino-coreanas em Cidade do Crime (2017), desmantelar sequestradores no Vietnã em Força Bruta (2022), e enfrentar um cartel de drogas em Sem Saída (2023), o detetive Ma Seok-do encara um sindicato internacional de apostas online, que opera entre Coreia do Sul e Filipinas.

A morte de um jovem coreano leva a investigação até o sádico Baek, obcecado por lâminas e responsável por uma rede de cassinos e lavagem de dinheiro. Seu chefe, Chang, está determinado a lançar uma criptomoeda própria — e, claro, tudo isso parece sofisticado demais para o “dinossauro digital” Detetive Ma, rendendo boas piadas e a chegada de um time de especialistas cibernéticos. Felizmente, o que ele faz de melhor continua sendo resolver tudo na base da força bruta.

E que força. Portões arrancados com as mãos, lutas corpo a corpo contra grupos inteiros de capangas armados, e socos tão rápidos e potentes que deixam os inimigos sem saber o que os atingiu. Ma Dong-seok encarna novamente o policial imparável com coração mole, sempre no limite entre a brutalidade e a doçura. A presença de Jang I-su , criminoso extravagante fã de Gucci que vira auxiliar da polícia, adiciona uma camada cômica já familiar — e bem-vinda.

Heo Myeong-haeng, que assume a direção após atuar como coordenador de dublês e coreógrafo nos três filmes anteriores, mostra domínio absoluto da ação. O contraste entre a fisicalidade massiva de Ma Dong-seok e sua expressão estoica é aproveitado ao máximo. A violência é extrema, mas raramente gráfica: cortes evitam mostrar detalhes explícitos, enquanto a trilha sonora e os efeitos sonoros — especialmente os ruídos dos socos — amplificam o impacto.

Claro, o grande trunfo da série continua sendo Ma Dong-seok. Seu carisma, sua credibilidade como herói de ação e seu timing cômico sustentam o filme do início ao fim. Como uma espécie de Liam Neeson ou Jason Statham coreano, ele construiu uma persona que o público reconhece e abraça com facilidade: um brutamontes indestrutível, mas profundamente humano.

Mesmo que repita a fórmula dos anteriores — um homem contra um sistema de vilões irredimíveis —, Força Bruta: Punição consegue divertir e manter o ritmo. O filme se assume como entretenimento direto, sem grandes pretensões. Sua moral é simples: o bem triunfa pela força. E é justamente essa simplicidade, quase reconfortante, que o torna eficaz.

Após um terceiro capítulo mais genérico, este novo longa é um retorno à forma. Em vez de tentar expandir o universo com ambições exageradas, “Punição” volta ao que a franquia tem de melhor: narrativa enxuta, ação estilizada, humor pontual e vilões caricatos, mas ameaçadores. A trama pode não ser a mais coerente, mas isso pouco importa diante do que realmente interessa: socos, facadas e bom humor.

O vilão Baek Chang-ki é eficaz dentro da lógica da franquia: gélido, cruel e funcional como antagonista físico. Embora falte profundidade psicológica, ele cumpre bem o papel de obstáculo para que Ma faça justiça com as próprias mãos.

Há também uma autoconsciência cada vez mais evidente: a franquia não tenta ser o novo John Wick nem quer reinventar o gênero. Ao contrário de Hollywood, que busca escalar tudo para o absurdo, a série The Roundup encontra força na repetição bem-feita. Cada filme é uma variação da mesma estrutura — e funciona justamente por isso.

“Força Bruta: Punição” reafirma o DNA da série: ação crua, humor afiado e um protagonista larger than life. Não há explosões espaciais nem perseguições internacionais com helicópteros — apenas becos mal iluminados, gângsteres mal-encarados e socos do tamanho de marretas. E, para os fãs, isso é mais do que suficiente.

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